Capítulo XLIX (Parte 2/2)

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- Longe de mim querer desejar a morte de alguém, mas nesse caso fica difícil defender. - o Calvin diz com prioridade e como testemunha das perversidades da Mildred, isso por a matéria do jornal se tratar dela e de seu falecimento.

- Assim como você disse, quem faz mal à vida de alguém, paga com a própria. Agora ela deve estar sentindo na pele o ardor do lugar que ela tanto nos desejou que estivéssemos. - dizemos apenas essas palavras mas não comemoramos, seria um pouco doentio demais mas agradecemos por não ter mais uma hipócrita ocupando espaço no armazenamento interno da Terra.

- Vamos ouvir o laudo médico da gata... - nos atentamos às palavras do repórter, noticiando a causa da morte dela e como tudo aconteceu, com direito a reconstituição. Pelo meu entendimento, a bonita se envolveu numa briga entre alguma das gangues de lá da penitenciária feminina, insultando alguma integrante ou a líder da gangue e a confrontando, o grupo deixou a situação em aberto e não demorou muito para ela se achar a impune que sempre sai ilesa. Depois da vistoria do horário de almoço com as detentas para voltarem às suas respectivas celas, não foi encontrado nada ilegal ou que houvessem cometido alguma infração até então, mas em compensação, foi notificado o desaparecimento de Mildred Sandchar. As buscas se iniciaram e durou cerca de cinco horas, as garotas haviam a desmaiado antes do assassinato para que não houvessem nenhum ruído. Elas abandonaram o corpo num esconderijo não tão bom assim, conseguiram se livrar da arma do crime possivelmente pela descarga, um objeto que não foi identificado mas certamente algo pontiagudo e afiado pela gravidade dos ferimentos e a culpada se livrou de toda a pista possível mas talvez será identificada, julgada e condenada a mais alguns anos, quando forem inspecionar o corpo moribundo e toda a cena do crime.

- Meu Deus, o remake de *OITNB já 'tá feito. Netflix 'tá perdendo muito. - ele não demonstra nenhuma compadecência ou sentimento lastimoso e o questiono disso, afinal de contas, é uma morte mas antes ela do que meu querido Cal Minsky.

- Essas duas criaturas vão causar muito. Muito alvoroço e muitas trovoadas... - me refiro a sua mãe e a Mildred sem a sua conjuração e ele continua.

- Não, porque os trovões vêm de cima! - ele diz e gargalha instantaneamente e eu não tenho escolha, dou uma risada culposa e parece até que estamos rindo de algo cômico, e não de uma tragédia mista de onde fomos poupados.

- Esse ditado "o que vem de baixo não me atinge" nunca fez tanto sentido...

- Elas vão se acostumar com a pool party eterna no enxofre e pegando um bronze. Ainda bem que os ratos se adaptam a qualquer habitat então, vai ser fácil para elas. - depois de tanto rir e fazer pouco da morte alheia, nós desligamos a TV porque de preocupação já basta a minha para fazer toda esse evento de oficialização de namoro acontecer. - Olha aqui, para ver se ficou bom... - ele me estende o celular e pede minha avaliação sobre a descrição dele e eu fiscalizo com todo o meu critério sua ortografia, sua colocação pontual e todo o necessário como um professor faz com seus alunos.

- Está perfeito! Ninguém melhor para descrever esse imóvel do que um próprio morador. - demostro a ele toda a toda a minha satisfação através de elogios e ele se sente feliz como um aluno aprovado. - Espero que encontremos rápido um comprador interessado, há tenho planos com a minha parte do dinheiro...

- Ué, como assim? O dinheiro vai ser repartido? - ele faz cara de surpreso e parece que ele não tinha ideia disso mesmo, tamanha foi sua surpresa, mas faço questão de confirmar.

- Claro meu bem, você terá a sua parte! Afinal, fizemos isso juntos, como todo o resto. - ele se alegra e parece já também fazer planos com a sua parte monetária, então repartimos também, além do financeiro e o sentimental, nossos desejos e nossos planejamentos para o futuro a dois. - E pretendo comprar mais móveis e aprimorar essa decoração, umas cores mais quentes ficarão boas para dar vida a essas paredes.

- E eu, só vou comprar mais algumas peças de roupa para mim e finalmente ter o meu celular. Eu não posso mais usar a sua roupa e aquelas antigas minhas e o seu celular. São as coisas mais pessoais possíveis.

- Que nada, você sabe que eu não me importo, mas usar algo com que você se identifica e faz parte do seu estilo, assim como ter e manusear seus próprios pertences, é sempre bom.

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Já não faz mais sol pela janela e a escuridão aos poucos, toma todo o espaço aqui mas está confortavelmente visível, preferimos não ligar as luzes e deitamos na nossa cama que massageia nossos músculos e nos faz respirar fundo e relaxados. O ar-condicionado ajudava no clima friorento que estava lá fora e podíamos sentir nossos pontos mais sensíveis, mais frios que outros mas nos adaptávamos ao decorrer do tempo, resistindo ao frio levemente aceitável mas a medida que queríamos puxar o cobertor ou aumentar a temperatura, nós resolvemos buscar nossas próprias fontes de calor. Ele vinha lentamente com seus dedos gélidos por debaixo do meu moletom grosso e repousaram na minha barriga, que se comprimia e esperava que eles se adequassem à minha temperatura, sua palma estava aberta mas seus dedos brincavam como se desenhassem em uma touch screen. Agora, minhas mãos buscam o colarinho baixo da sua camisa, que adentram sem pressa aquele espaço e se comprime, assim como eu mas logo a sua resistência suaviza e abro a palma da minha mão, que sente seu peito subir e descer, no ritmo de sua respiração. Ele se vira para o meu lado enquanto eu ainda permaneço de barriga para cima, com sua mão sobre ela, apenas viro meu pescoço para encará-lo, quase que consigo refletir seu rosto em minha pupila de tão próximos. Sua mão esquerda agora vem em meu rosto e se apoia em minha bochecha, fazendo com que seus quatro dedos alcançassem a minha nuca e seu polegar restante percorria meu queixo e meu lábio inferior, eu sorria levemente mas sem mostrar os dentes. Era engraçado ver aquele sorriso frouxo que era tão provocado facilmente, apesar de antes não ter tantas razões para sorrir, mas não era como se ele quisesse disfarçar ou tentar se convencer que estava feliz, afinal a felicidade é momentânea, e não duradoura; você pode se sentir feliz, mas não ser feliz para sempre. Ele simplesmente estava, sem se sentir chateado ou aborrecido, e eu automaticamente estou; isso que eu admiro nele, além de todo o restante mas eu só queria que ele soubesse que o motivo do meu sorriso é o dele. Deixo escapar um, pelo meu pensamento e demostro que estou rindo com ele, revirando meus olhos na nossa batalha indiscreta de quem pisca menos preso à beleza um do outro e continuamos assim, pela bagunça da contagem de hora pelo relógio e pela divisão dos ponteiros que marcavam os minutos e as horas de forma confusa. Era difícil de saber mas eu não me empenhava em entender, só queria sentir aquela pele em mim e meus olhos admirando aquele sorriso, por tanto tempo, que seria difícil medir o tempo pelo relógio, apenas por um calendário. Eu acho nosso sentimento mútuo tão legítimo que sou inapto de compreender o porquê de tanta repúdia e tanto movimento de tirania, partindo de pessoas amarguradas, incapazes de amavam a si próprias e por mim, sem direito a julgar o amor alheio. É tão medíocre que elas mal tenham fundamento para permanecer de pé a sua tese, baseada em passagens bíblicas vazias e palavras tão vazias quanto os seus cérebros, provenientes do oposto do que a religião de grande parte deles prega: amor, empatia e acima de tudo, respeito.

P.S. do autor: Olá galera, como cês tão? Espero que todes bem e seguros nas suas casas. Tô vindo aqui só para esclarecer algo que talvez despertasse uma dúvida em vocês. Quando eu destaco no início do capítulo que é o POV de alguém e inicio o capítulo seguinte sem destacar nada, é porque ainda é o POV daquele personagem. Espero que isso não cause nenhuma confusão em vocês então, quando for a vez do POV do Calvin, eu destacarei em negrito como sempre, que aliás, vai demorar um pouco pois essa parte da história irá destacar bastante esse trajeto do Nathan e seu desenrolar.

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