Capítulo LVIII (Parte 2/2)

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O aeroporto está consideravelmente cheio, mas a beleza daquela estrutura tão alta me chama mais atenção, seguimos para um guichê menos movimentado e passamos por algumas multidões para chegar até lá. Não me impressiona que tiver que pegar fila mas o papo com o Nathan não me faz agoniar, apesar de ter a própria caravana no deserto alinhada em minha frente. Mais alguns minutos se passam e já dei alguns passos a frente, já posso ver o moço do guichê e aguardo ansiosamente a minha vez mas enquanto isso aproveito o papo furado com o Nathan, acompanhados de ouvidos atentos à conversa alheia, rostos impacientes e sons agonizantes vindos de bocas inquietas. Finalmente, minha vez chega e toda a efetuação da compra leva o tempo que precisa, pacientemente como as vezes das outras pessoas e agora, o Nathan se distancia para me esperar e não atrapalhar o segmento da fila e nem para que as pessoas achassem que ele só queria furar, como alguns imaginavam por ele estar do meu lado enquanto a fila andava antes. Tudo feito, o próximo é chamado e foi bem mais complexo e trabalhoso do que eu pensei mas saio contente em sua direção e pelo meu entusiasmo, ele pode deduzir que tudo deu certo e seguimos felizes para o carro, por essa etapa já concluída. Enquanto seguimos para alguma loja de roupas recomendada e super bem avaliada pelo Nathan, debatemos quanto ao nosso passaporte e ainda não sabemos como funciona, então isso fica para depois, mas não tão tardio pois é tão importante quanto as passagens. As passagens ficam juntas das entradas no mesmo envelope, e percebo como a gente começou com a ordem errada das compras e como foi apressadamente elaborado mas o Nathan me traz de volta do meu mar de preocupações.

- Tenho certeza que você vai adorar! Já comprei lá poucas vezes mas foram as melhores compras da vida. É de fato, o centro das roupas. - pela sua pronúncia silábica e seus argumentos contemplantes, parece bom mesmo e não haveria lugar melhor para ela estar se não no centro da cidade, onde está agrupado um terço de toda utilidade da cidade. Ao descermos, curvo o olhar e posso ver um tapete a porta, tão limpo e aveludado, que limpar solas tão infestadas de sujeira nem deveria ser a sua função, estampado com a grande logo da loja, que também está presente na entrada convidativa e espaçosa.

- Bom dia rapazes, sejam muito bem vindos a Carl's Central Clothes. - um rapaz simpático, receptivo, com roupas ilustres e sua barba impecável nos recebe como bom anfitrião ao notar que pisamos dentro. Estou tão acostumado a ser mal recebido nos estabelecimentos que quase me exaltei em agradecê-lo por termos sido surpreendidos mas seguimos com ele para o espaço imenso de cabideiros de roupa que está por toda a loja. Ao invés de o Nathan o instruir sobre o nosso estilo e nossos gostos, ele o confiou de que estávamos em boas mãos em matéria de bom gosto, então ele nos separou algumas sugestões de roupas completas que estabeleciam padrões colorados entre si e nos entregou pelos cabides depois de muita análise dele em nos agradar mas só bastou eu ver variedade de cores e estampas, sugestões quase monocromáticas, para eu me certificar da minha satisfação final. Fomos cada um para um provador com algumas opções em mãos, fecho de volta a porta com o trinco e penduro os cabides no pequeno gancho ao lado do espelho que alcança o chão e o mais alto nível de limpeza. Percebo que as roupas não conversam entre si, cada uma tem sua proposta e me convenço de que vou escolher um deles ao invés de apenas ignorar e escolher o que eu simplesmente quero livremente. Assim, o primeiro look intercalava o lilás, o roxo e o branco de forma sutil com uma bandana branca, uma blusa social azul bebê com singelos rasgos nos cotovelos e ombros, uma blusa larga com um tom de roxo vivo, uma calça no seu tom de jeans mais claro com uma pequena corrente presa no bolso, um vans lilás com pontilhados brancos e um par de meias brancas; já o segundo look era mais ousado, cores fortes e quentes com amarelo, laranja e vermelho em evidência: uma bandana vermelha, uma camisa na medida da cintura porém com uma pequena cauda no seu tom de laranja mais quente e com pigmentações amareladas nas extremidades, uma calça jeans com um desenho de labaredas em ambas as pernas que representa bem a junção de cores, um all-star amarelo e um par de meias laranjas. Apesar de já ter um look vencedor, faço questão de experimentar ambos e não ser injusto; o primeiro look eu até gostei dele, porém houve alguns problemas de medida incompatíveis que me desagradaram. Então, eu levo em uma mão o meu escolhido e sigo de volta para onde estávamos, convencido da minha escolha. Percebo que ambos estão a minha espera e por estarem imóveis e o Nathan com seu look escolhido há milênios, parece que eu exagerei nos meus métodos minuciosos de escolha de um geminiano porém não sou recebido com resmungos ou semblantes de insatisfação pela demora.

- E aí, eu acertei? - eu assinto pela ousadia dele, com o semblante do cliente mais satisfeito que poderia pisar aqui.

- Qual você escolheu? O look "1" ou o look "2"? - pergunto ao Nathan a sua decisão final com o meu mesmo critério de numerar as roupas.

- O look "2". Ele é todo trabalhado no jeans, eu adorei. O primeiro era até bom mas o jeans e as cores escuras têm um mundo inteiro no meu coração. - ele justifica, enquanto seguimos ao balcão. Agradecemos pelo atendimento perfeito e eu, mais pela paciência, ele embala nossas roupas na sacola da loja, que tinha também a logo da loja e havia duas cordinhas como alças, pagamos e deseja que nos voltamos, entendendo agora porque o Nathan me conceituou tanto essa loja. Nos deparamos com o horário que passou tão ligeiro e nos surpreendemos por não termos percebido por estarmos com a cabeça tão avoada, seguimos para a casa e não fazemos almoço, comemos alguma besteira do armário e água pelo calor descomunal que faz, mas nem tanto, por já não estarmos mais de blusa.

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