Capítulo XV (parte 1/2)

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Acordo com um pouco de dor de cabeça e retorço o semblante pela dor ao poder sentir, me sentando a beira da cama e levo a minha mão a testa para averiguar se estava quente, e também ao meu pescoço com a costa da mão. Me levanto devagar, me apoiando na cama e sigo para o banheiro, antes levando minha toalha por não ter tomado banho ontem e para aliviar um pouco da dor. Antes de entrar no banheiro, posso ouvir passos firmes e constantes e a sombra que se aproximava por debaixo da porta, me apresso em fechar a porta do banheiro para evitar mais conflitos e sigo primeiro para escovar os dentes e assim, para tomar banho. Não me choca nem um pouco o fato de eu estar com a cabeça estourando de dor pelos acontecimentos e as emoções, uma atrás da outra por não conseguir processar tudo de uma vez e por isso, só me faz sobrecarregar e exaustar minhas energias, a água gelada pode me incomodar inicialmente mas relaxa meus músculos e a dor parece escorrer para o ralo, dando trégua junto a água. Termino meu banho, mesmo querendo ficar ali pelo resto do dia e me seco completamente, vestindo um conjunto casual, ajeitando o cabelo e usando outros produtos como creme de pele e desodorante. Quando eu ia me dirigir a porta para ir a cozinha, percebo um pequeno papel no chão, que mais parece um bilhete, o agacho para pegá-lo antes de abrir a porta, que inclusive, sinto a falta da chave na fechadura.

" Que comecem os jogos vorazes. Não quer seguir as regras, que pague as consequências". - ligando os fatos, aquilo só podia significar uma coisa e estremeço com total espanto e sinto os arrepios gélidos tomarem meu corpo por completo. Olho para a porta, pensando em como minha mãe não se limita nas suas façanhas escrotas e sempre se põe em primeiro lugar e agarro o trinco, na tentativa de abrir mas sem sucesso, querendo a esmurrar infinitas vezes mas me contento em me lamentar internamente. Ela se aproveitou que eu estava no banho e veio até aqui, apanhou a chave da minha porta e me trancou, invadindo completamente a minha privacidade e minha intimidade mas quando se trata dela, nada é surpreendentemente chocante, me sentando na cama e percebendo como todo aquele sonho encantando que apenas existia na minha cabeça, se tornava um pesadelo que vivia de olhos abertos que chegava num nível tão crítico e desesperador que me moíam cada vez mais, fazendo meus olhos marejarem. Eu tento, de todas as formas, me convencer de que tudo aquilo era imaginação, mas era impossível aceitar que aquela situação era uma mera brincadeira de mau gosto quando eu retorno a minhas perspectiva de realidade, que vão de um parque de diversões a uma scape room de riscos reais. Diante isso, eu me vejo sem saída, como no labirinto projetado por Dédalo, onde se eu desse um passo em falso, eu daria de cara com a "minotaura" mas se isso acontecer, o que eu mais queria, antes mesmo de escapar daqui, era olhar nos olhos dela sem palavras e deixar com que ela mesma visse de como ela é capaz de gerar caos e destruição mesmo sem ser um fenômeno natural. Talvez eu me deite e a espere voltar, fingindo ainda estar dormindo ou a fazendo pensar que ainda não houvesse levantado para que ela se esclarecesse e pudesse ao menos, presenciar a sua índole tão trapaceira sendo posta em prática diante de seus olhos. Para aliviar um pouco da catástrofe, eu ironizei na minha cabeça se minha mãe queria me transformar na princesa Rapunzel e se eu teria que esperar pelo príncipe Nathan enquanto eu estiolava na minha masmorra e esperar os meus cabelos crescerem para jogá-los ao príncipe para ser salvo das mãos e da prisão da rainha malvada. Me impressiono sorrindo de como toda essa merda tenta me arruinar mas eu ainda tenho cabeça para fantasiar ironicamente sobre isso, poderia ser até inútil e tosco, até essa ideia me fornecer um plano maravilhoso e não demorei para o pôr em prática...

- Oi? Alô, Nathan?! Sei que estamos nos falando mais do que queríamos, mas eu preciso de sua ajuda.

- E o que você quer que eu faça? - espero pela sua resposta apreensivamente que finalmente chega a tempo.

- Se não for te atrapalhar, eu preciso que você venha aqui. Eu só não posso explicar agora mas se não puder, tudo bem. - digo para que eu possa decidir se devo esperá-lo ou fazer a minha opção anterior de voltar pra cama, tentando ser sereno nas palavras para não o atordoar.

Apenas Segure A Minha MãoOnde histórias criam vida. Descubra agora