Matías POV
Flashback: ON- Conta aquela história! Aquela da ovelhinha, irmão. - dizia a plenos pulmões, como se não fosse quase madrugada e chio, com o dedo indicador nos lábios, sorrindo baixo.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos ver o que temos aqui... Pronto, aqui está! JoJo, a ovelha. - me assento ao lado da sua cama, enquanto ele está coberto com sua manta e ainda abro o livro, como se não tivesse memorizado por inteiro aquela história que ele sempre pedia. - Era uma vez, uma ovelha que se chamava JoJo, ela era alegre, travessa mas não tinha muitos amigos. Apesar de ser gentil com todos, algo nela parecia incomodar aos outros. Ela se comparava com todas as outras ovelhas, elas eram branquinhas, seus pêlos pareciam mais lisos e pareciam mais queridas e aceitas do que a pobre JoJo. Talvez porque JoJo fosse toda pintadinha, com seu pêlo mais castanho e era diferente de todas as outras, ela tinha sua beleza especial que nem todos enxergavam e ela, por toda rejeição, não conseguia se achar bonita.
" Você é não especial, aceite isso por não ser igual a nós" - ela ouvia de algumas das outras ovelhas que ela convivia naquele mundo pequeno que as cercava. A parede manchada e o pouco espaço era o pouco que elas conheciam, mas JoJo merecia mais.
" Você é a ovelha negra da família. Ninguém vai te amar se continuar com essa aparência ". - JoJo não tinha culpa de ser única mas aceita tudo calada e não revida todas aquelas palavras feias. Certa vez, cansada de não ser reconhecida, JoJo aproveita a porteira aberta e foge para bem longe, sente a brisa do vento e a grama verde, corre por aí alegre, saltitando mas tão cheia de liberdade, que acaba perdida no meio da relva. Confusa se era o que realmente queria, de deixar tudo para trás, o que custaria a sua vida, ou voltar para casa e resistir a tudo de novo, JoJo se vê indecisa mas escolhe a si mesma, pela primeira vez, e decide assumir o controle da sua vida dali para frente. Sua caminhada só estava começando, conheceu o mundo como ele era e parou para descansar e se alimentar porque se encontrava cansada. JoJo fechou seus olhos cansados e adormeceu sem medo de que a encontrassem ou que pudessem levá-la de volta, ela deixou para trás seus medos e o que chamava de casa e o que importava agora era seu sono profundo. Ao abrir seus olhos, o verde não existia mais e um infinito e lindo azul vibrante tomava seus olhos e alguém alisava seus pêlos pela primeira vez com carinho.
"São muito macios e lindos." - alguém dizia, de joelhos, o que se parecia com quem cuidava dela, mas mais gentil do que eles.
" Onde estou? Tudo parecia diferente..."
" Em casa, finalmente... Não era isso que você queria desde o começo? É onde você sempre pertenceu, pequenina." - dali para frente, a pequenina JoJo notou seu valor, rodeada de amor e de quem se importava com ela de verdade. Brincava com os outros animais que não eram da sua espécie mas que a amava como se fosse, e viveu feliz para sempre, cativando e conquistando a todos com sua incrível e única beleza."
É claro que ele não aguentou até o fim, já dormia calmamente mas eu insistia em terminar sem que ele me ouvisse mais e beijava a sua testa ao terminar a dedicatória a ele. Na verdade, foi pouca as vezes que ele ouviu até o fim mas ainda assim era a história na qual ele mais se apegou e parecia ser muito especial para ele. Ele parecia ter uma autoidentificação secreta pela personagem, como se enxergasse nela a sua própria história mas o Joseph é querido demais para sentir qualquer desagrado de si mesmo. Me lembro de uma vez anterior, de alguma vez que ele ouviu a história até o fim pois se sentou na cama, e ainda parecia desperto o suficiente para suportar mais alguns minutos de conversa.
- Um dia, eu quero ser uma princesa ou... uma fada.
- Como das histórias? - ele assentia como um dos seus desejos internos mais preferidos.
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Apenas Segure A Minha Mão
RomanceCalvin Minsky é um garoto de 17 anos, promissor mas que ainda não enxerga em si potencial e está afundando em seus próprios dilemas emocionais. Sendo filho único e sem uma figura paterna presente dentro de casa, tem de conviver com sua mãe autoritár...