Especial: Tributo à Josephine

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A morte é algo inevitável e incorrigível, dizem que é a única certeza que temos da vida e vivemos apressados e fadados à ela. Não se pode reverter essa situação quando ela vem decidida, é uma força da natureza, imbatível e imparável. Além dela, mais alguém que eu conheci também era assim, a sua história não foi uma lenda, uma fantasia, um conto surreal, a sua vida foi verdadeira e exprime força e inspira muitas outras que seguem sem rumo. Mas quando alguém intercede pela Morte e cumpre seu papel, é uma maldição a quem a recebe e para quem a pratica. Leva a vida, arranca sonhos e um futuro de algo tão jovem, que nem aproveitou da dádiva da qual foi a concebida. Se esvai em sangue e espírito mas revive na memória de quem a amou e no coração de quem a compreendeu. Ela não tinha asas mas ia muito longe, algumas a via invisível mas na verdade era grandiosa demais para ser vista por completo e comparada a Morte, ela era uma potência da natureza. Josephine era rígida, posicionada, furiosa, trazia a preciosidade enquanto carregava a justiça; era tempestade, furacão, trovão, como era arco-íris, flor e brisa de verão. Pôde ter sido temporária nesse plano, mas à sua honra, será eterna a sua lembrança. Ela teve o apoio de alguns mas não o suficiente para que a segurasse, era tão acostumada com a própria suficiência que achava que conseguia sozinha, e não foi por falta de potencial. Eu não me importo se o dia se torne sobre você, porque Josephine, você não vai passar por esquecida por causar nostalgia, revolta, saudade, justiça. Pode ser o dia em que eternizamos você em muito mais que divagações da mente, em certezas do coração. Eu estou mudo mas que minha prece possa te alcançar, que nossas mãos não apontem e sim se estendam, que nossos braços não firam e sim, abracem e que os lábios beijem e não maldigam. Hoje pode ser o dia do seu renascimento, que a vida para você tenha tido sentido, uma segunda fase, mesmo que longe de nós, porém que possamos daqui festejar a vida e quem fez parte dela.

Em partes, enfrentamos indiferenças, rejeições e desafetos, seja de onde quer que elas partissem e esse dia poderia ser encarado por mim como o dia que um desastre nasceu, que uma falha foi cometida ou que algo tão planejado deu errado, mas que eu possa ressignificar para o dia em que um vencedor nasce, antes mesmo que de travar a sua primeira batalha, pois o seu ato de viver é uma luta e uma conquista todos os dias. Invejo a sua capacidade de adaptação, sua coragem de seguir mesmo que forçada a buscar a sua independência sem suporte algum, pois eu não tenho essa ótica, apesar de tecnicamente eu já ter a conquistado, mas ainda sinto que vivo pelo que o Nathan me proporciona, apesar de saber que ele reconhece que tudo isso é a nossa construção. Talvez eu viva pelo propósito progressista: o tijolo na mão dos brilhantes é a chave para a construção de um império colossal, o tijolo na mão dos desistentes é o obstáculo que impede de seguir em frente em busca da evolução e o tijolo na mão dos covardes é o combustível para ferir corpos inocentes sem culpa da perfeição. Mesmo que nosso encontro não foi possível, agradeço pelo tanto que ensinou e que cada minuto possa ser vivido sem que aborreça, como símbolo de renascimento. Apesar da bagunça que fomos, nos reparamos aos poucos na calmaria, mesmo que nosso passado seja uma ferida e doa só de ser mencionado, que honremos nossos méritos e creditemos nossas maiores conquistas. Seja poucas ou muitas, mas que ensinem o suficiente, mesmo que pareça exagerado, sempre com a sensação de que nunca se viveu o bastante, para celebrar e reflexionar, para repercutir e aproveitar das emoções mais mistas e homenagear a quem tanto amamos, ainda que pouco se viveu, mas que seu descanso seja como sua lembrança. Sua lápide não pode resumir a sua vida e as flores que levamos para você não serão cultivadas naquelas terras que carregam vidas e não raízes, mas que possam florescer, mesmo que não estejam firmes, e simbolizem a vida, já que é aí que ela se finda. Todos nós estivemos diante de ti mas que você esteja sob nós; a que amou, a que lutou, a que sangrou e a que deu a vida para que outras fossem geradas como uma verdadeira mãe. Afinal das contas, foi isso que você foi para mim, mesmo sem ter me dito uma palavra ou sequer ter sabido da minha existência. Josephine, todos nós te amamos e você nunca será esquecida. 

E a todos aqueles que desistiram mas que foram fortes suficientes, seus esforços nunca serão zombados, e também a quem foi levado injustiçadamente, não descansaremos até sua justiça ser feita e a cada dia sua vida será reconhecida como uma verdadeira lição de moral. Apelamos pela vida e que possamos vivê-la livres, autênticos e orgulhosos das nossas diferenças que se destacam.

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