No momento da tragédia...
Continuo a procurar incessantemente pelo carro, não só pelos os que estavam estacionados, também entre os que estavam circulando e nenhum deles nem chegaram perto do modelo e da cor do carro do Nathan. Uns passos mais a frente, percebo um carro se aproximar que era familiar, que antes estava distante e a porta dele abre sem a minha atenção, mas que posso perceber pela violência com qual ela é fechada. Minha busca é interrompida quando sou abordado por aquele alguém que faz sua mão avançar em mim. No meu braço? No meu ombro? Na minha mão? Não, na minha boca. A forma mais bossal e deselegante de se aproximar de alguém e sou arrastado pelo domínio daquela mão que pressiona duramente, tentando resistir e me debatendo e que me guiava para aquele carro próximo.
- Não olhe para trás e entre no carro. Sem perguntas. Agora! - aquela voz abafada me ordenava, mas antes mesmo que eu pudesse obedecê-la, sou arremessado para dentro do carro, acertando a testa na parte exterior do carro antes de acertar o banco. A porta logo se fecha e em seguida, se abre a porta do condutor, me conserto naquele banco sujo e empoeirado, tentando assimilar os acontecimentos e imaginando maneiras de escapar daqui, fosse pedindo ajuda, fosse fugindo pela porta ou pela janela ou apagando quem fosse que tenha feito isso comigo. Depois de planejar mil planos de ação que levassem três segundos para se executar nesse mesmo tempo, a criatura revela a sua identidade dramaticamente como um arquinimigo de algum super herói, ao tirar a flanela amarrada que cobria nariz e a boca, sem me chocar que poderia (e era) a minha mãe.
- Oh, quem mais seria, não é mesmo?
- Não sabe o quanto eu senti sua falta... - ela se vira de volta, dá a partida e sai depressa, evitando o maior trânsito do centro, para evitar também as ultrapassagens e qualquer desconfiança. O rastro de fumaça deixado é evidente e eu comecei a chutar a porta e a janela freneticamente para, pelo menos, gritar para alguém, já que ela trancou as portas, sabendo que eu não hesitaria em fugir de sua companhia, como não evitei antes, mas só consigo trincá-lo e também sendo uma forma de externar minha fúria sem cautela. Eu gritava que nem me aguentava, apertando os olhos e dando adeus as minhas cordas vocais e ela me mandava parar, sem parar o carro, ameaçando que capotaria o carro ou que provocaria um acidente que pudesse o fazer explodir. Eu sei que algumas mães têm esse instinto quase natural de dar a vida pelos seus filhos mesmo que literalmente, mas alguém que tenha algum tipo de transtorno suicida e que queira levar o seu filho junto não me parece muito comum e normal. Tento me acalmar para não perder o controle da situação e para que ela não perca o controle do volante, talvez tentar assimilar tudo e tentar ser passivo, mesmo que por um minuto, seja a melhor saída (pena que não é para fora desse maldito carro) mas tentar é totalmente diferente de conseguir.
" Como será que que estão os garotos também? Surtando, ou talvez nem saibam de nada." - me distrair mentalmente com mais preocupações me parece uma boa ideia, me pergunto se os garotos têm alguma notícia minha e acho bem provável que sim pelo maravilhoso e inesperado vínculo deles com o Nathan. E se sabem, será que eles chegaram a ir lá? Acho incerto. E se foram, não vão me encontrar porque já fizeram a gentileza de vierem me dar uma carona que seria facilmente dispensada. Tudo que consigo pensar é improvável, incertezas vazias e todas as minhas possibilidades vão por água abaixo e nem sei o que será de mim e o que será de nós, não por escolha do Nathan ou minha e sim, exclusivamente do destino. Mas mais impreciso do que tudo isso, apenas o caminho que estou tomando agora, coagido, para algum lugar desconhecido, sem sentir emoção ao sair da cidade, sem aquele espírito alegre de quando viajamos, olhando pela janela ao ver a quase inexistente paisagem, que se assemelha a mim agora: um gigante vazio e pouco espaço preenchido. Ela tenta um contato visual comigo pelo retrovisor torto, percebendo meu comportamento menos agressivo e mais conformado e não deixo meus olhos esbarrarem com os dela, ela sorri satisfeita e não vejo a hora de chegar logo nesse maldito lugar que não é uma viagem de fim de ano em família para um lugar agradável e paradisíaco.
P.S. do autor: Oi galere, bom, temos aqui mais capítulos desse casal com seu drama tão emblemático, muitos problemas e resoluções estão por vir e espero que vocês estejam acompanhando cada etapa dessa história tão movimentada. Esse é o último capítulo do ano então, encerro aqui o ano desejando a todos nós muita saúde, prosperidade, muitas conquistas a nós nesse ano que vem e que possamos estar bem e próximo de quem a gente ama. Ano que vem teremos mais coisas para desenvolver e espero que vocês estejam aqui comigo. Feliz ano novo a nós 💖💖
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Apenas Segure A Minha Mão
RomansaCalvin Minsky é um garoto de 17 anos, promissor mas que ainda não enxerga em si potencial e está afundando em seus próprios dilemas emocionais. Sendo filho único e sem uma figura paterna presente dentro de casa, tem de conviver com sua mãe autoritár...