Capítulo XXVIII

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De joelhos naquele chão que me machuca com seus pequenos fragmentos de areia, mas nada mais dói que a perda do Calvin, pela segunda vez. A Kim e o Peter testemunharam minha figura inconformada, tentavam me levantar pelo braço que cobria o meu rosto de vergonha mas seus braços eram curtos demais para alcançar o fundo daquele abismo tão profundo que se abriu em minutos.

- Por que eu sou assim, tão desprezível? O Calvin se envergonha e me odeia!!! - eu esperneio, quase berrando com toda a certeza que eu posso e eles dizem que não, para me enganar, mesmo sabendo que fosse a verdade.

- Nathan, eu sinto muito pelo Calvin, todos sentimos e reconhecemos que é uma calamidade, não é culpa sua se a mãe do Calvin é uma psicopata obsessiva mas agora é com você. Mostre que você é capaz e porque ele esteve até aqui com você e que tudo isso não foi uma perca de tempo enganosa. Mas antes que você vá e se decida sobre algo, eu preciso ir para casa processar isso tudo na minha mente. - a Kim me aconselha e o Peter também assente em ir, partimos para a casa deles e assim, dirijo concentrado ao meu destino. Antes de descerem, nos consolamos novamente, agora tenho uma missão e uma responsabilidade enorme nas costas a assumir e não vou decepcioná-los, claro que não vou desistir, sem contar que o pessoal me mataria se eu me entregasse por essa luta pelo amor e pelo Calvin. Podem acreditar, não será assim. Tudo por ele, custe o que custar. Eu por eles, eles por mim, e todos pelo Calvin.

Sentado no meu sofá, entre um gole e outro do meu chá dr hortelã, estou atônito e tão destruído que meus neurônios funcionam precariamente, procurando regular meu temperamento e emoções tão desordenadas. Tenho consciência do perigo que estamos encarando, da provação que estou prestes a enfrentar e sei que qualquer tentativa de heroísmo pode colocar tudo a perder, mas não posso ficar parado enquanto tudo isso acontece, sem que eu intervenha de algum modo, me perguntando onde o Calvin pode estar agora como em um estúpido jogo de adivinha, e focar em arquitetar em como farei para localizá-lo e todo o meu plano de resgate, que seria pensado e repensado à prova de falhas. Mesmo que essa fosse minha prioridade primordial, manter e zelar pelo bem estar do Calvin, que tenho tanto falhado ultimamente, não poderia ficar aqui me lamentando e confabulando sobre o seu misterioso paradeiro, pensando sobre o quão ele deve estar sofrendo por todo o ocorrido, pela recém saída do hospital, pela falta de quem ele acreditava ser sua companhia e pelo sequestro relâmpago em andamento e que eu possa usar isso de motivação para agilizar os meus projetos de salvá-lo onde quer que ele esteja. Infelizmente, o que me resta é esperar e pensar um pouco, com medo e frustração que assumo ter mas nunca pensando em desistir, sem sobrecargas mas ainda buscando soluções conclusivas, o dia de amanhã será corrido, ou até às próximas horas, se tudo progredir bem e talvez eu noticie a polícia para que se inicie uma busca mas confesso que resolver isso por minha conta será menos doloroso e mais recompensante de não me sentir um inútil completo.

Apenas Segure A Minha MãoOnde histórias criam vida. Descubra agora