Capítulo XLVIII (parte 1/2)

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Caminhamos calmamente pela orla, em passos calmos, apreciando a vista, nossas companhias e a brisa que levemente balança nossos fios e traz a essência do mar a nós. A Kim e o Nathan andavam mais à frente e eu e o Pet vínhamos logo atrás, isentos do assunto deles enquanto nós debatíamos entre nós sobre nossos relacionamentos amorosos.

- Eu me sinto traído sabe, Calvin? Não pela infidelidade dele a sua palavra de fato e por ter mentido para mim, e sim, por ter criado essa personalidade fria e insensível como bloqueio emocional mas que foi levada tão fácil pelo papo de alguém que ofereceu seu amor, e foi derrotada no fim. De não querer se apegar mas sem saber que não valia a pena, ousei e experimentei e me machuquei, sem ter o remorso ou a dor dele de volta como conforto. Eu posso saber que ele não está sofrendo, pelo menos é o que ele banca... - acalmava ele de todo o pensamento que envolvia o Isaac e dizia a ele que estava ali para ele, como ele sempre esteve por mim. - Odeio sentir essa dependência emocional, por isso prefiro investir em mim porque caso você se decepcionar, não terá que esquecer alguém, gastando boa parte de uma vida se amargurando por culpa de alguém sendo que posso estar entre amigos e aproveitando o que nenhum homem por aí pode me proporcionar. - o pessoal na frente nem deve sentir a atmosfera que está aqui mas prefiro não chamar a atenção deles para me ajudar porque posso lidar com isso.

- Eu sei amigo, é inevitável. Complica mesmo quando você tem de administrar esse sentimento por outra pessoa mesmo que não fosse aquilo, ou por quem ou no momento que você queria sentir. Acha que eu não tive medo de me ferrar com o Nathan quando tudo começou, considerando tudo o que eu estava passando? Viver um amor poderia ser uma válvula de escape da minha deprimente realidade mas se desse errado, eu poderia me dar muito mal mas eu pensava que ele poderia piorar as coisas para o meu lado e sair ileso de toda a situação. Eu tive muito medo no meu íntimo, porque a sensação de gostar dele me anestesiava e eu tinha medo de quão distante essa sensação me distanciava da realidade e me fazia esquecer de todo o problema externo e cada vez mais eu ia profundamente nessa camada. O tempo trouxe a resposta, me fez enxergar da pior maneira e da forma mais desafiadora mas não quero que pense que você só vai ter a verdade depois de uma fase ruim, como se após o desgaste viesse a recompensa. Mas se não deu certo com o Isaac, não quero que se castigue como você disse, o inocentando e tomando toda a culpa, só o faça perceber o quão azarado ele é de ter perdido o sentido da vida dele e que nunca o terá de volta através de sua indiferença.

- Pensando bem, não voltaria a conversar com ele nem se me pagasse um jantar ou quando puxamos assunto depois de um "bom dia" equivocado para alguém.

- Pet, você é facilmente subordinado com comida, com certeza anunciaria casamento no próximo dia...

- É, 'né? Mas enfim, não quero parecer cadelinha emocionada e emocionalmente vulnerável por homem, não pegaria bem para minha postura de durona.

- Ao invés de um jantar caro com pratos com nomes impronunciáveis e assuntos furados que não são a minha praia, só posso oferecer lenços umedecidos com cheirinho e meu ombro de almofada.

- Sabe que isso é muito mais do que eu preciso, 'né? Acho que eu mataria por vocês, Calvin. De verdade.

- Obrigado?! Isso soa romanticamente psicopata e completamente confiável. Tenho certeza que amo tanto você que ouvir você falar sobre tentativa de homicídio por nossa causa me parece uma piada que sempre faz rir, independente de quantas vezes é contada. - nos aproximamos mais, sem nos preocuparmos com a sugestão de nossos toques, aceleramos mais um pouco o nosso passo, ritmados e meu braço em sua cintura e seu braço em meu ombro. Nossos quadris se mexem como se equilibrassem bambolês sem treino algum e desfilamos como em uma esteira até alcançarmos eles que já estavam um pouco mais distantes e ouvimos a Kim reclamar que não queria descer na areia por estar de tênis, o Nathan a convence e nós seguimos pelos quatro degraus de madeira com corrimão que nos dão acesso até lá. A areia está mais fofa do que o comum, marca nossas pegadas facilmente, mesmo sem precisar chegarmos perto de onde quebram as pequenas ondas, caminhamos um pouco mais à frente até chegarmos numa pequena ponte que havia por ali. Na verdade, era uma pequena plataforma de madeira, segura e resistente, seus troncos robustos e quase imbatíveis à água comprovam isso mas não têm crédito algum para o Pet. Todos nós subimos e caminhamos com confiança, mas o Pet caminha como se estivesse em um campo minado ou como se houvesse vidro sob seus pés e o ranger da madeira e a violência com que as ondas de chocam contra aquelas colunas de madeira o amedronta ainda mais.

Apenas Segure A Minha MãoOnde histórias criam vida. Descubra agora