Capítulo LXIII (Parte 2/2)

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- Meu Deus, vocês são tão fofos juntos, não sei como ainda há gente que contraria e não consegue aceitar isso. - até aqui, o Nathan já se desfez de toda a sua dureza e eu estou encantando pelo mínimo de senso ético do Matías ao exaltar o nosso amor, assim como o que ele sente pela sua namorada, impressionado com seu nível intelectual de crítica social que prova como paradigmas rotulam comportamentos que podem ser cabíveis a pessoas erradas que fazem parte de algum grupo que tem um demérito gigante e estereótipos de como agem e como são.

- Pois é Matías, ainda tem gente que rotula o amor a gênero e a órgãos mas entendo que a mente humana tem muito a evoluir, como sempre esteve, porém com um pouco de regresso em certas ocasiões.

- Tem uma frase na qual eu acredito muito e tenho acreditado mais ainda depois de certas experiências: a dor só é frouxa quando não aperta na sua ferida. As pessoas são tão insensíveis consigo mesmas que são incapazes de terem empatia pelo próximo e as atacam em seus momentos de maior fragilidade e se aproveitam disso sem piedade para que elas se sintam desmerecedoras de todo o amor que possuem e da própria felicidade. Eu só espero pelo dia em que um direito não precise ser validado ou reconhecido por culpa de um crime bárbaro de ódio, uma morte precoce e infeliz que corrompe e assola famílias. As pessoas julgam o que é real e o que é vitimismo  para elas a partir de um critério egoísta, que invalida o sofrimento da única realidade que importa. - sentimos a sua profundidade e amargura no tom dele, um trauma ou a culpa de algo parece pesar em suas costas e como aquele assunto dói ao ser citado por ele. Sua voz embargada e sua expressão triste escondem lembranças dolorosas mas não a sua dor ao trazer a tona algo do passado que parece o incomodar por anos mas ele ainda mantém seu equilíbrio emocional e o apoiamos no seu momento de desabafo, como fazemos comumente entre amigos. Passamos nossos braços pelos ombros um do outro e o Nathan se abaixa para beijar a minha bochecha e eu aperto o ombro do Matías levemente pelo pouco que alcanço por ele ser ainda maior que o Nathan mas que é o suficiente para que ele sinta o meu apoio e proteção do Nathan.

- Ai gente, nada de gatilhos por aqui. Ou senão vocês serão obrigados a abrir espaço para um trisal e do jeito que minha namorada é, é capaz dela também aceitar esse grupal romântico. Com todo o respeito aos amores poligâmicos. - saímos do elevador sorrindo e analiso novamente como ele se preocupa com o que diz, se preocupa em não machucar e tenta ser cuidadoso no tratamento físico quanto no verbal.

- E por falar em relacionamento, você quase nem falou sobre a sua namorada. Se você não se importa... - damos a ele o arbítrio de escolher falar, talvez possa ser esse o assunto que tanto o entristece em tocar mas que fique a seu critério. Ele escolhe falar com consciência limpa e sem preocupação dessa vez, trazendo até seu sorriso e sua expressão amorosa de volta, tomado pelo amor que sente e que também traz um clima mais otimista a nossa conversa.

- Então, eu namoro com ela já tem por volta de três anos e ela é uma pessoa muito especial para mim, que me ajudou e me deu apoio quando eu mais precisei e você vê quando o amor é verdadeiro quando você confia a chave da sua própria casa a alguém que você conhece há um mês e está saindo há menos de duas semanas. Infelizmente, ela não pôde estar presente aqui por outros compromissos quando a gente já tinha comprado os três ingressos para um evento que vai rolar aqui, porque iria eu, ela e uma outra amiga dela mas por conta disso, ela não pôde e a amiga dela acabou desistindo e então, ela me entregou um dos ingressos que sobraram pois disse que havia conseguido vender os outros dois e pediu que eu viesse e aproveitasse tanto que mal pudesse sentir a sua falta. Deixar ela foi muito difícil para mim mas nossa conexão é tão complexa que mal pode interferir a distância e tendo vocês aqui está sendo muito reconfortante para minha solidão e para minha ansiedade. O jeito que vocês me receberam tão abertamente me faz lembrar o espírito e a personalidade da...

- CAROLINA!!! - digo em incrível uníssono, juntamente do Matías e todos se entreolham assombrados com a ligação dos fatos, sem precisar que se explicasse o que estava acontecendo aqui.

- Espera um pouco, eu perdi alguma informação ou realmente eu não sei quem é "A Carolina"? - o Nathan diz, tentando processar as informações e buscando explicações, por eu não ter contado muitos detalhes aprofundados sobre todo o processo da surpresa que eu pretendia fazer.

- Você acha que eu comprei os nossos ingressos para o Rock In Rio, pessoalmente, nas mãos de quem? Pois é, da própria. E pelo visto, ela é a namorada do bonito aí. - esclareço para ele se ainda não estava mais do que claro, e todos ainda estão boquiabertos com essa aproximação arquitetada pelo sarcástico destino. - Pelo jeito, nós agora que fomos surpreendidos pela surpresa de alguém.

- E então é por isso que vocês também estão aqui? Pelo evento? - nós assentimos e felizes por ele ser o terceiro acompanhante. - Parece que o nosso encontro não foi apenas uma coincidência comum, e sim uma armação do próprio destino?! Vocês têm noção do quanto isso é louco?! É um encontro internacional e é totalmente improvável que isso aconteça outra vez. - diz o Matías, exprimindo toda a sua descrença e tenho certeza que a ficha disso para mim não vai cair tão cedo e sinto que vou relembrar e sentir o mesmo espanto de agora durante todas as vezes.

- Temos que agradecer a Carolina, que foi responsável desse encontro nada combinado. Nunca imaginei que algo assim tão simbólico e inesperado pudesse acontecer novamente depois do meu encontro e sentimentos pelo Calvin.

- E por falar em relacionamento... - ele repete o meu discurso e sorri. - Vocês não falaram muito sobre a história de vocês, nem mencionaram nada. Eu só sei sobre isso aqui. - ele se refere ao nosso carinho mas querendo saber sobre o nosso passado e o quanto lutamos para nos tornamos o que somos com o muito que sentíamos.

- Você terá tempo o suficiente para saber disso ainda, só não sei se teria disposição porque poderia facilmente levar uma tarde inteira para contar tudo. Ou um livro inteiro. - respondo sem ironia e ele parece entender.

- Que seja. Vocês têm tempo de sobra para a minha disposição? Eu conheço um pouco da cidade. Podemos sair por aí, fofocar e conhecer mais de nós. O que acham? - o convite é bem-vindo e um pouco mais de conhecimento nunca será demais, nem que seja sobre a vida de alguém, na melhor companhia, e sei que há muito ainda a explorar, ao ar livre e em nosso interior.

- E a que horas a gente pode ir?

- Só vou entrar para tomar um banho e colocar alguma roupa mais apropriada. Vejo vocês em alguns minutos. - com a intimidade devida agora, ele me abraça e deixa uma marca de beijo na minha bochecha graças ao seu brilho labial e o Nathan o beija também, sendo abraçado de volta e entramos para mais um dia movimentado.

P.S. do autor: Olha quem apareceu? Temos novos personagens na área para movimentar ainda mais a história. O que acharam da revelação? Será que essa amizade vai render bons frutos para o futuro ou os pombinhos vão ter que lidar com mais um desafio? Confira nos próximos capítulos de ASAMM. Vejo vocês lá. ❤️❤️❤️❤️

Apenas Segure A Minha MãoOnde histórias criam vida. Descubra agora