Capítulo LXXII

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Nathan's POV

Acho que o Calvin já dormiu pela sua imobilidade, deve estar tão cansado que nem sequer trocou de roupa, sorte que o clima não está tão quente para o fazer sentir calor por estar de calça e meia.

- É... Parece que somos só nós dois. O Calvin já caiu no sono. - o Matías também o analisa e diz o mesmo.

- Eu também estou bem cansado, acho que só estou de pé por causa da cafeína.

- Mas você quer dormir? Se quiser, tudo bem. Eu vou para o meu quarto.

- Não precisa, Matías. Melhor conversar para passar o tempo do que ficar deitado aqui olhando para o teto esperando o sono vir.

- Verdade. E olha, eu tenho que admitir... Eu não curtia assim com a Carolina há tempos, vocês foram o melhor conforto de companhia que eu poderia ter.

- Que isso, você também fez um bom reparo na nossa saudade de casa. Mas se todos estivéssemos juntos aqui, seria ainda mais incrível.

- Com a Kendall e o Peter também, não é? Eu espero poder conhecê-los um dia, com certeza eles devem ter a mesma energia de vocês.

- Ah, com certeza! Por isso nós nos aproximamos tão rápido, claro que isso teve um pouco da influência do Calvin mas eles são realmente adoráveis. Inclusive, vindo para cá, eu e eles preparamos uma surpresa para ele quando chegarmos. Combinamos quando estávamos perto de vir mas ele nem sonha com isso.

- Que lindo, tenho certeza que ele vai adorar, assim como tudo o que você faz por ele e principalmente, pelo o que você é, Nathan. - sorrio fraco pelas palavras e ele me encara, um silêncio invade a conversa e não sei qual assunto seria cabível para reestabelecer a conversa então me mantenho calado e ele cobre a minha mão com a sua palma como um agarrador de pelúcias. - Sabe Nathan... Eu não sei se que queria falar isso porque não sei se é interessante e também é um assunto morto para mim mas acho que você gostaria de saber. - ele pausa e eu espero que ele prossiga, sem assentir que eu concordava. - Então... Eu já beijei um garoto uma vez. Sabe... Para experimentar, ele era um amigo e se sentiu à vontade para ser minha experiência, virgens e prontos para descobertas inusitadas. Foi estranho, acho que porque era meu melhor amigo e não era alguém que, de fato, eu sentia atração mas era o único que eu confiava de pedir aquilo, apesar de nosso vínculo de quase irmandade e ele também não achou digno de uma repetição. Essa experiência foi determinante para mim, talvez eu duvidasse da minha heterossexualidade mas eu só queria me expandir sexualmente, aberto a me atrair a quem quer que fosse mas a Carolina me fez desencanar disso e é ela quem eu amo hoje. Nós rimos no fim e parei de tentar paquerar meu melhor amigo, ele me respeitou e sempre relembrávamos em tom de brincadeira, a minha fatídica dúvida, que eu não queria que o Google concluísse por mim.

Ele esperava alguma reação e eu estava tão impactado que eu mal pude esboçar sequer um sorriso e fingindo costume como se pessoas hétero frequentemente se declarassem para mim dessa forma.

- Uau! Por essa eu não esperava. - digo entre algumas risadas depois do baque e ele esclarece.

- Acho que outro ponto forte foi toda a minha opressão escolar na minha época estudantil, por ser um alvo fácil dos garotos jogadores, que falavam sobre as garotas que eles queriam pegar enquanto eu planejava beijar meu melhor amigo para saber como era. De onde você acha que surgiu todo esse acolhimento e empatia pela Josephine? Vindo do ambiente hostil que eu vim, do aprendizado que eu tive? Mas isso só mostra como somos mais adeptos a acolher o fardo do outro quando nós identificamos e sentimos a sua dor, mesmo sendo um ato humano de solidariedade.

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