Capítulo XLIX (parte 1/2)

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                      Nathan's POV

Depois de três semanas de muita correria e burocracia, finalmente eu tenho em minhas mãos a posse da antiga casa onde o Calvin morava e agora posso anunciá-la à venda, que será o primeiro passo da nossa longa caminhada juntos como casal, ainda não oficial por enquanto, pois isso deixará de ser uma realidade daqui há alguns dias. O Calvin foi o mais feliz da história, que se desvinculou totalmente do seu passado e me sinto grato por fazer parte disso, em breve anunciarei ela e nos livraremos dela, da melhor forma, de uma vez por todas; não que vamos passar por cima dela com uma bola de demolição ou termos um desequilíbrio emocional e incendiá-la, como fez a mãe do Calvin. Nesse meio tempo, nós fomos lá e pedi ao Calvin que ele pudesse pegar alguns pertences e outras coisas que ele gostaria de trazer e decidimos manter os móveis e toda a mobília lá e a ordem e a limpeza até o momento da compra. Voltar lá para o Calvin, foi como se eu tivesse visitado a sepultura de um cemitério, prestar homenagem a um ente que mal sabia que você existia ou sequer se importava com você, que foi de fato o que aconteceu mas sem a presença do corpo dela ali enterrado mas toda a tensão e o baixo astral ainda está presente, mesmo sem ter tido convivência mas é aparente pelo semblante dele. Em uma dessas visitas, ele me entregou um papel dobrado duas vezes e pediu que eu guardasse com carinho, e aquela cena está eternizada e emoldurada em um porta retratos, ocupando um singelo espaço na nossa cabeceira de cama e na minha lembrança do dia em que tudo começou. Ele disse que havia outro que ali havia feito mas havia ficado naquela outra casa, no meio de toda maluquice e juro que fiquei decepcionado por nossa arte ter virado cinzas. Trago minha mente de volta ao presente e me atento àquelas mãozinhas inquietas, que rolam de baixo para cima a tela do celular e seus olhos atentos e vidrados, às informações e eu apenas o espero repassar toda a informação. Pedi que ele se encarregasse de checar na internet o preço médio de uma casa para que pudéssemos ter uma base sequer de quanto ofertar, para não parecer que estamos vendendo uma oca ou uma mansão das Kardashians, ele encontra uns lances consideráveis e me pede uma sugestão, levando em consideração uma que é semelhante à nossa, sem trabalhar tanto o cérebro.

- Agora precisamos de uma descrição... Meu Deus, porque tão difícil? - esperneio por um problema nada relevante e facilmente solucionável mas era para atrair a ajuda do Calvin e ele tomar a frente por mim.

- É que, você sabe... Eu sou muito ruim com qualquer produção textual. Aliás, você foi o morador de lá, só um residente conhece bem as rachaduras de sua casa. - essa é a minha desculpa para convencê-lo mas ele nem se dá o trabalho de se impressionar com as minhas explicações inventadas ou minha birra foi extremamente convencido e ficou sinceramente comovido. Enquanto ele digita pausadamente, talvez fazendo o rascunho do anúncio e olhando para o alto com cara de nerd inspiracional, procurando as palavras ideais, meu celular vibra nas mãos dele e olha para mim, me fazendo acreditar que era uma ligação, pelo toque e vibração em sequência. Ele me entrega rapidamente, sem desconfiança e eu o recebo, atento rapidamente e ele observa, na expectativa de saber quem é, confesso que estou mais surpreso que ele porque esse número não está salvo na minha agenda, até ser respondido. Tento disfarçar por saber quem é, mas o Calvin não pode saber, não agora, senão arruinaria tudo; ele apenas me olha sem muita expressão e meu diálogo sem muita identificação parece o fazer ter mais curiosidade e menos compreensão. Enrolo ele e peço a sua licença, sinto pena dele por não poder contar à ele mas por enquanto, o silêncio e o segredo é o caminho, apenas de me fazer mal por ter que sentir e esconder algo do meu Minsky, mas é por uma boa causa. Me esguio ali da sala e vou para o quarto, para proceder o assunto com o rapaz e ver o que estava acontecendo e resolver as nossas pendências.

- Me aguarde em breve, não posso ir aí agora porque estou com ele aqui mas espero que já esteja tudo no jeito. Talvez eu demore um pouco. - adianto ele à minha chegada e ele assente, finalmente vou até ele, fazer o que tinha prometido. Espero que ele não desconfie, tento ser natural e não agir como se quisesse esconder algo, mas as minhas ridículas mentiras não parecem sustentar isso, por isso tenho que me agilizar, para que essa surpresa não se estendo por tanto tempo por demandar tanto disfarce de mim, porque no final vai valer a pena toda a desconfiança que ele possa estar tendo.

- Você acha que ele já desconfiou de algo?

- Eu não sei, ou eu minto muito bem ou ele esconde muito bem. Só preciso me certificar de que vou ter ideias suficientes para tocar isso para frente.

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- Que bom que veio. Com o resto infelizmente, eu não vou poder te ajudar, nem com essa conta. - ele ri, sarcástico, estendemos nossas mãos e recebemos o que nos corresponde, embolsamos os nossos pertences e fechamos o nosso negócio.

- Espero que você tenha uma boa sorte para organizar tudo isso... Será uma tarefa e tanto mas o sorriso dele vai recompensar você. - eu agradeço e ele mais ainda, me despeço e sigo com aquele porta alianças no porta luvas com algumas tralhas por cima e volto para casa, receoso de ter que lidar com o questionamento justo do Calvin que, espero que não tenha proporções maiores. Abro a porta e ele ainda está ali no sofá, parece pensativo pela minha saída repentina e ele permanece assim, calado e estático, ao me aproximar.

- Me desculpe, meu amor. De verdade. Esses negócios estão sendo mais difíceis do que eu imaginava.

- Imagina, Murray. Eu não tenho o porquê de não sentir verdade em você, você tem sido responsável e só tenho que te apoiar. - não sinto ele querendo ser irônico então aceito o elogio, mas na minha cabeça, toda a confiança depositada em mim pelo Calvin, parece que será quebrada no fim, pela minha "traição", mesmo sabendo do que estou fazendo e da minha intenção, mesmo sua ingenuidade não deixando o perceber que não estou evidenciando a verdade a ele. Prezo por pensamentos positivos, tento espairar a minha própria sabotagem e tento me preparar para o segundo passo, que já tenho planejado, mas não arquitetado, mas o Calvin me chama atenção, me cutucando e apontando para a televisão. Aparentemente, parecia ser uma matéria, uma reportagem de algum jornal regional, noticiando a morte de alguém, ele aumenta um pouco mais o volume e nos atentamos a cuja notícia...

                                          CONTINUA...

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