Os anos se passavam e Joseph já estava na adolescência mas ainda permanecia a pessoa doce e carinhosa que era, às vezes era repreendido pelos pais na frente de visitas ou familiares, simplesmente pelo seu jeito espontâneo e receptivo e eu ainda fazia questão de oferecer minha ajuda, mesmo que ele pudesse recusar pela rebelde idade. Quase dobrara de tamanho e seu cabelo juntamente, suas questões na escola ainda permaneciam, nada de agressões ou ameaças, mas ainda eram insultos que feriam meu anjinho mais do que qualquer tapa ou soco descarregado com toda a força e ainda permanecia aconselhando os nossos pais a não serem tão rudes com ele e serem um pouco mais compreensivos e amorosos, em algumas vezes que embatemos, que fui contra o poder deles na casa. Me lembro de uma vez, que voltei a velha rotina de tomar conta do Joseph por já ter largado aquele emprego até aqui, mas ele estava na escola e recebemos um telefonema de lá, com eu estando em casa apenas. Possivelmente a diretora da escola, se queixava de algumas condutas, ditas por ela, inadequadas, tidas pelo Joseph e que alguma intervenção familiar precisava ser tomada. Me preocupo até com seu tom grave em qual confusão ele poderia ter se metido até ouvir a sua justificativa "tão aplicável".- O Joseph tem feito e dito coisas estranhas, têm saído do diferente, para o anormal, se permite dizer. - exigo uma justificativa plausível, e não espero menos do que um incêndio proposital à diretoria ou comportamentos psicopatas em meio social.
- Teve uma vez que ele chegou aqui na diretoria dizendo que estava com cólica e que queria ir embora. Ele disse que poderia estar menstruando... Eu não sei que tipo de garoto diz isso.- Você não deveria se envolver com o íntimo do meu irmão, apenas faça o seu trabalho sem ser invasiva com as questões dele. Não acho que isso seja motivo para tamanho alarde, se a senhora me permite dizer. - sou sarcástico em tom indignado pela sua fala e ela não está satisfeita.
- O Joseph tem pouco envolvimento social, não pratica nenhuma atividade física, prefere a solidão por afastar as pessoas de perto de si. É quase um sociop...
- Ei! Olha lá como desonra meu irmão e minha família com sua deselegância. Se há algo verdadeiramente preocupante acontecendo e se meu Joseph está em perigo, você se disponha a ligar novamente que poderei te atender. - dessa vez, não havia jeito, fiz com que meus pais fossem até lá, ao chegarem do trabalho e esclarecessem toda essa situação escolar que só cabiam a eles como responsáveis. Mesmo que eu quisesse ocultar tudo o que me foi dito para eles, ela faria questão de repetir tudo de novo com seu tom reprovador indevido, vou até o quarto do Joseph para conversar com ele enquanto nossos pais estão na escola conversando com a diretora e tento o tranquilizar, ao mesmo tempo de tentar ouvir o seu lado da história. É claro que tudo foi desencadeado por diversas perseguições, provocações e fez com que o Joseph não quisesse se relacionar com esse tipo de gente medíocre e se repugnasse com tamanha covardia e indiferença. Acaricio meu pequeno enquanto esperamos a bendita chegada dos nossos pais, preparando o terreno para um possível confronto como vem sendo pelo temperamento explosivo e pouco poupável. Percebemos a porta do quarto ser escancarada e eles aparecem na frente dela, posando como forasteiros sedentos por um acerto de contas. Eles vem apressados, papai me segura por já saber que eu me meteria e mamãe vai para cima dele, o carrega para fora do quarto e o papai vai em seguida e me ordena que eu ficasse, me fechando ali. Os gritos, as broncas e as reclamações eram indistintas para os ouvidos mas o ódio, a raiva e o descontrole eram palpáveis para o coração, éramos acertados, mais o Joseph, por todo aquele furacão descontrolado de fúria que eram eles quando estavam fora de si e podia ouvir sons de agressão e as reações escandalosas dele ao ser atingido, descontando sobre ele todo seu descontentamento, com seu senso de correção completamente influenciado. Não posso ouvir tudo aquilo sem qualquer reação, além de me inconformar, e saio do quarto, descumprindo o que foi me imposto e eles me encaram ao perceber, mas pelo menos param com a surra.
- Vocês repreendem o comportamento dele como se ele fosse um assassino ou vocês julgam que cruzar as pernas ao se sentar ou querer uma boneca de aniversário é o pior dos crimes? - esbravejo com eles sem medo das reações e o Joseph parecia amedrontado, ainda preso por eles.
- Não vou admitir que esse garoto conte mentiras na escola e tome nosso tempo com suas bobagens ridículas. Ele é o nosso filho e vai se comportar conforme queremos, aliás você nunca o ensinou modos de homem e só a ser frágil e delicado como um... - papai quebra a mão, insinuando algo que eu não compreendo.
- Até eu onde eu sei, Joseph não tem nenhum problema de coordenação motora, até porque é muito esperto, mas se dependesse de vocês, voltaria para casa com mais do que uma mão fraturada.
- Não se faça de desentendido! Você sabe muito bem ao que seu pai se refere, Matías. Me surpreende você apoiar essas coisas do Joseph fingindo ser quem não é. - finalmente eles soltam o Joseph, depois de tanta humilhação e desrespeito a ele, mais tensão familiar se estabelecia a cada afronta minha à imposição deles mas eu impedia quando eu pudia de que eles chegassem perto do Joseph novamente.
Outra vez que não me escapa da memória, em um dia das crianças, acordei feliz e fui ao outro quarto acordar meu irmãozinho que nem era mais uma, mas que era especial e decidi comemorar.
- Acorda, mocinho, porque hoje é o seu dia. E nem é o seu aniversário... - ele se assusta um pouco por sempre estar habituado a ser pego desprevenido mas de mim, ele tem as melhores intenções. Seus olhos se abrem melhor e parecem brilhar ao ver o que tenho para ele, um pacote embrulhado com estampas de borboletas e um grande laço rosa no topo que era um presente dedicado a ele, que ele tanto merecia. Gentil como era, apesar da empolgação, ele agarra o presente e tenta me abraçar com o pacote na mão, agradecendo sem mesmo saber o que era porém apreciando a minha atitude em presenteá-lo. Ele desembrulha empolgado e revela a grande caixa que era, admira o presente e se sente satisfeito por eu ter atendido o seu desejo que foi tanto ignorado.
- Era a que você tanto queria... Ou se não for, é uma imitação muito boa. - digo sorrindo, sabendo que ele não se importaria e que estaria feliz de qualquer forma. - Não deixe que o papai ou a mamãe saibam, eles podem tomar ela de você.
- É incrível, Matías. Muito obrigada, irmão. Ela se parece comigo... Deveria se chamar Josephine... Como eu. - ele diz, fazendo me atentar as suas palavras e questiono, sem que ele espere.
- É assim que você quer que eu te chame agora? Você pode ser uma fada, uma princesa, como essa boneca ou como você quiser ser.
- Sim irmão, é quem eu sou. Ninguém acredita em mim na escola quando eu digo que me chamo Josephine.
- Não ligue para eles, você agora é uma nova pessoa, renovada. Uma nova garota. Desculpa por nunca ter notado. Eu te amo, irmãzinha. - ela parece lacrimejar ao admirar a boneca, e a abraço, mesmo ela estando sentada na cama.
- Você se parece com ela, Josephine. Forte e destemida, imparável. Desculpa por nunca ter sido um irmão responsável e ter a defendido da forma certa. Sempre deixei com que te machucassem mas prometo que você nunca será por mim. Eu sempre vou te amar, independente de quem você seja, Josephine. - planejava presenteá-la mas quem foi surpreendido foi eu, claro que nossos pais não merecem saber disso porque ela confiou a mim a sua verdadeira eu e sempre terá o meu segredo e minha confiança. Claro que desejo toda a liberdade do mundo e a possibilidade de ser quem ela é mas a alerto sobre o mundo e como ele pode ser cruel como ela já experienciou, a aconselho e a desejo ser forte e orgulhosa de quem ela é porque ela vai enfrentar caminhos árduos e pessoas que vão querer prejudicá-la por suas más naturezas e indisciplinas tão enraizadas ao preconceito.
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Apenas Segure A Minha Mão
RomanceCalvin Minsky é um garoto de 17 anos, promissor mas que ainda não enxerga em si potencial e está afundando em seus próprios dilemas emocionais. Sendo filho único e sem uma figura paterna presente dentro de casa, tem de conviver com sua mãe autoritár...