Capítulo LXI (Parte 1/3)

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Sou cutucado algumas vezes e logo abro os olhos espantado, me ajeitando na poltrona e bocejando, enquanto o Nathan tem seu semblante nada sonolento e mostrando que eu dormi quase a viagem inteira.

- Você dormiu tanto que eu até consegui terminar de ler o livro. Mal posso esperar para você ler também. É incrível!

- E eu mal posso esperar para arrumar a minha cara de travesseiro amassado. Meu cabelo também deve estar um terror. - procuro por um espelho mas a placa metálica que tem em volta da janela já resolve o meu problema, arrumo o que eu posso enxergar e esfrego meus olhos com os punhos fechados para evitar que eu dormisse novamente. Conversamos um pouco sobre a viagem, sobre os nossos desejos e sobre os meninos, e era a única forma que nós ali encontramos para nos confortar com o tempo que parecia empacado e parece funcionar, pois logo ouvimos aquela voz ecoante novamente como o som das sete trombetas tocadas anunciado o apocalipse, nesse caso, anunciando a pré-chegada ao aeroporto brasileiro e pede que afivelássemos nosso cinto e que continuássemos posicionados em nossos lugares até o pouso se finalizar. Dentro de mais alguns minutos depois do anúncio, a voz retorna anunciando o pouso bem sucedido e nos agradece pela viagem e pela escolha da companhia deles, pede ordem e calma na hora da saída e todos procuram pegar suas bagagens e se organizarem para uma saída civilizada, e não como se estivessem abrindo a porteira de um curral. Não temos pressa e esperamos todo o tumulto para assim levantar, reunimos tudo em mãos e descemos para recolher as outras malas, seguimos para a repetida vistoria e assim finalmente estamos no Brasil, prontos para partir para o hotel com o acompanhamento adequado. Ficamos um pouco perdidos em relação à comunicação mas andamos um pouco mais, atrás de informação e de um contato de um táxi e graças ao aplicativo tradutor instalado no celular do Nathan, nós poderíamos traduzir ambas as conversas e seria bem útil, como nós imaginávamos. Encontramos um desconhecido por ali que aceitou nos ajudar e prestou toda a sua paciência e solidariedade para nos fazer chegar onde precisávamos, tudo o nosso diálogo foi estabelecido através do bendito tradutor e depois de muito esforço e agradecimentos, finalmente conseguimos um taxista cujo motorista fosse, no mínimo, bilíngue. Esperamos pelo carro, sentados na sarjeta com as bolsas a nossa volta e me sinto como uma criança que ainda não aprendeu a ler, ao observar atonitamente as placas e sinalizações em português diante dos meus olhos espalhados por toda a vista. Nos levantamos para ficarmos evidentes e estrategicamente afastados de outras pessoas ao ver curvar na esquina o primeiro carro amarelo de tão desesperados que estávamos e por sorte era o nosso e estamos a salvo de todo o diálogo ou qualquer situação de interação que fosse no idioma local por ele nos certificar que falava inglês. Embarcamos todos com tudo e indicamos o caminho pelo celular e ele segue prontamente enquanto relaxamos num assento mais confortável e admirados com a beleza do panorama carioca que surpreendia a cada esquina. Chegamos ao tal hotel e despachamos nossas malas, pagamos a ele um valor modesto e carregamos tudo com nossos corpos tão curvados e cansados para a recepção. Somos recebidos com prontidão, fazemos a apresentação da documentação e a reserva da nossa estadia tão esperada e ela nos libera, alguém vem para se ocupar com nossas coisas até o nosso quarto, que é o n° 157, como indica o chaveiro metálico da nossa respectiva chave. A pessoa responsável por carregar as malas diz que em breve nossos pertences estarão lá, nós assentimos e somos guiados ao elevador e para o merecido descanso. Ficamos novamente com aquele frio na barriga de quando estamos subindo e já sentimos isso muito por hoje, seguro forte no pulso do Nathan como se estivéssemos prestes a cair de uma montanha russa enquanto nos encaminhamos para o segundo andar, como nos foi indicado.

- A primeira vez de tudo vem sem aviso prévio, você precisa estar preparado para encará-la para que você se orgulhe ou ela será lembrada remotamente por ter sido a sua primeira vez. - o Nathan me aconselha, talvez me preparando para um futuro inevitável mas talvez tenha sido apenas uma afirmação inofensiva e um entendimento confuso. O elevador se abre de cara para um corredor largo e extenso e caminhamos à procura do nosso número, mais o Nathan, porque eu estou completamente distraído com a imersiva vista através das vidraças que revelavam uma grande piscina na parte externa com um regulado movimento e toda a extensão além do limite do hotel. Alguns passos a mais e encontramos, abrimos com a chave correspondente e aquela vista do quarto tonteava nossos olhos tão facilmente impressionados como tudo antes. Seu tamanho era mediano mas era organizado, tudo bem alinhado para nos receber e partimos para a cama, tirando nossos tênis que já incomodavam pelo calor e esperamos por nossas malas para que pudéssemos tirar as calças também e nos trocar. A cama em boa ordem e lençóis bem ajeitados, agora não mais, depois do nosso salto de trampolim encima dela, amaciava nossos músculos tão doloridos e nossas costas relaxadas por um respirar profundo, como se fizessem uma massagem instantânea. Ouvimos três batidas ritmadas e pulo da cama para abri-la, como se estivesse a espera da encomenda da minha vida e só podia ser nossas roupas. Ela nos entrega tudo com a nossa checagem e pede sua licença, agradecemos humildemente e vamos atrás de alguma roupa condizente com esse clima tão veranesco. Não nos preocupamos muito em combinação de cores como estávamos antes e sim com algo que fizesse sentirmos o vento leve e refrescante que circulava. Eu escolhi uma blusa branca que tinha minúsculos buracos e fazia com que ela fosse quase transparente, um shorts folgado preto de tecido e uma sandália sem correia e o Nathan escolheu uma blusa leve de botões semiaberta, um shorts do mesmo estilo que o meu e uma sandália branca. Apanhamos em outra pequena bolsa filtro solar, celular, cartão porque todo o nosso dinheiro material se foi e óculos que vai na cabeça do Nathan e eu uso uma viseira ao invés de um boné por meu cabelo estar lavado, para explorarmos mais ainda porque não temos tempo para cochilos mas ciente de todo o drama a se enfrentar novamente sem algum acompanhante. Procuramos por algum relevante e que parecesse confiante nas inúmeras avaliações pelas proximidades e que pudesse oferecer um adicional de nos introduzir à cultura histórica de belezas naturais e materiais.

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