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Kiara Carrera

Sirvo mais uma dose para o cara na base dos quarenta anos, muito bem vestido, usa um terno caro, um broche no mesmo que custa mais que um carro pequeno.

— Você sabe o motivo de estar aqui? - Ele questiona, olhando o copo com a bebida que pediu.

— Não mas acho que não é bom, sua cara não parece estar feliz.

— Fui demitido do meu emprego pois minha mulher estava me traindo com o meu chefe e fiz um barraco, ganhei um par de chifres, uma visão de pena dos meus ex colegas de trabalho e pedir meu emprego. Viva.

O mesmo vira o copo de uma única vez, fechando os olhos bruscamente quando finalmente engole a bebida.

— Eu sinto muito.

— Não sinta, fui burro o suficiente e me sinto envergonhado. Tudo aconteceu diante dos meus olhos e eu não percebi, tudo indicava, levava a isso, mas como dizem, o amor é cego. Ele faz as pessoas se tornarem burras, amar é uma droga. Você já amou?

— Não, nunca tive essa experiência, e cuido ao máximo para que isso não aconteça comigo.

— Boa escolha. Mas você é jovem, tem um futuro pela frente, pode pensar nisso com calma. Só escolha uma pessoa boa, que cuide de você sem ver cifrões de dinheiro em seu rosto.

— Anotado, vou cuidar disso. Mas não prometo me apaixonar.

— Quantos anos tem?

— Vinte.

— Ainda tem um longo caminho pela frente. Se permita mais, ou irá se arrepender quando chegar a minha idade.

— Meus problemas não me permitem me libertar.

— Mas tente, é reconfortante quando você faz algo que julgava ser fora dos seus padrões, percebi que aquilo não era nada do imaginava.

— Anotado senhor, vou seguir seu conselho.

O homem sorri gentilmente e bebe mais um shot da bebida, logo deixando o copo sobre o dinheiro que pagaria a bebida.

— Senhor, tem dinheiro a mais.

— Fique pela sessão de terapia que você me proporcionou.

— Mas o senhor me ajudou mais do que o ajudei.

— Espero que consiga resolver seus problemas, pois eu vou resolver os meus, que não são poucos.

— Boa sorte.

— Pra você também. Ah, qual o seu nome?

— Kiara, Kiara Carrera.

— Prazer Peter. Apesar de me chamar Peter, eu não sou como Peter Pan, eu não sei voar mas sonho voar pelas águas, já que não sei nadar e apenas me contento com barcos. Foi um prazer em conhecer você.

O homem sai pela porta e uma sensação me toma, não sei explicar qual mas senti algo.

Afasto isso quando outro cliente entra, deixando seu casaco na cadeira e se sentando no balcão. Sirvo a bebida que pediu e olho o relógio, faltam apenas quarenta minutos pro meu turno acabar, finalmente.

Coloco os copos na máquina, limpo o balcão quando ouço a porta se abrir.

— Já estamos fechando.

— Eu sei.

Olho para a porta e vejo Jj, mexendo nos cabelos, retirando as gotículas de água dos mesmos já que está chovendo lá fora.

— O quê você está fazendo aqui?

— Vim buscar você.

— Não preciso de motorista, eu pego um táxi.

Stupid Love - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora