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Jj

Com um pouco mais de duas horas de viagem decido parar em uma praia qualquer, deixo Kiara dormindo no carro e ando descalço pela areia fora até ficar próximo as ondas.

Olho pro horizonte, onde o céu encontra o mar, pensando em tudo que conversamos durante esse tempo.

Tenho medo de falar o que guardo em mim e assusta-la, falar e acabar retrocedendo. Pareço que estou pisando em ovos nessa situação, disse que esperaria o tempo que for mas isso está me consumindo.

Já faz meses, meses desde que eu e ela começamos algo que não tem denominação ainda. Algo que cresceu em mim e se tornou paixão, amor, e tenho medo que esse amor não seja correspondido da mesma forma.

Talvez eu só esteja ficando neurótico com isso.

Sinto braços envolverem minha cintura, vendo lindas mãos tocarem meu peitoral.

— Achei que tinha me abandonado no carro. — Sua voz sonolenta me faz sorrir.

— Nunca faria isso.

— Por que parou aqui?

— Queria pensar um pouco.

— Tem algo te preocupando?

— Nada demais.

Ela sai de trás de mim, ficando em minha frente, ela encara meus olhos por alguns segundos, tentando achar indícios que possa estar mentindo mas então ela sorri.

A mesma pega ambas as minhas mãos, acariciando as mesmas.

— O quê foi?

— Nada, gosto de olhar você.

— Se ficar me olhando desse jeito vou achar que minha cara está suja.

— Só estou admirando a sua beleza, você tem lindos olhos azuis.

— Obrigada, o seus também são lindos.

— Eles são bem comuns, já os seus...

— São só olhos Kie.

— Não são só olhos, fazem parte de você, como uma credencial. Pelos menos pra mim, seus olhos são uma memória forte de você. A imensidão azul como esse mar.

A mesma de uma forma divertida, sem soltar minhas mãos, fica de costas pra mim, envolvendo meus braços ao seu redor.

— Já pensou se nossos filhos tivessem seus olhos? Os caichinhos dourados e a carinha fofa e esperta? Os olhos esguios e a boca fofa?

Me pego extasiado ou até abismado com o que disse.

— Jj?

— Oi.

— Você está bem?

— Estou, mas queria que nosso filho ou filha tivesse a sua beleza.

— Aí entrariamos em uma guerra, pois queria que nossos filhos tivessem os seus traços. Dizem que a mãe carrega por nove meses pra vim a cara do pai... então eu tenho vantagem nessa guerra.

Dou risada, beijando o topo da sua cabeça.

— Nossos filhos seriam lindos.

— Seriam... — Afirmo um tanto longe, imaginando kiara com uma pequena criança nos braços.

Nunca me imaginei sendo pai, sempre quis para dar o amor que não tive do meu, mas nunca me imaginei com um pequeno ser em meus braços.

— Bom, se ficarmos aqui nunca chegaremos em... no lugar onde você quer ir, a final, já sabe para onde vamos?

Stupid Love - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora