Stupid Love - Jiara

037

Kiara

Tudo parece ter voltado ao normal, voltei a trabalhar e não vejo as bebidas na adega como um refúgio.

Agora só vejo como algo que os clientes procuram quando estão precisando despejar suas mágoas mas não sabem onde.

— Hey, gentil garçonete, preciso de outra dose cheia dessa pra aliviar e espantar tudo isso que eu estou sentindo, nessa merda de coração! — O senhor, de mais ou menos cinquenta anos exclama ao erguer seu copo no final do balcão, perto da porta.

Ele parece solitário, amargurado e pensativo.

Já o vi antes mas não pedia tantas doses de bebida como pediu essa noite. As desilusões amorosas fazem o comércio de bebidas enriquecer de uma forma absurda, se aproveitam dos acontecimentos da cidade para lucrar.

— Já sirvo mais uma dose para o senhor. - Respondo preparando mais um drink para o cara na minha frente, que mexe em seu celular de forma imune, imune as conversas e papos ao seu redor.

— Não se preocupe, sirva esse cara. Minhas mágoas podem esperar por um coquetel de frutas batidas com gim. - O cara em minha frente diz, passando a vez para o segundo cliente.

Deixo a bebida quase pronta sobre o balcão e sirvo mais uma dose da bebida do primeiro cliente, que já está aqui tem horas e já bebeu incontáveis bebidas diferentes ao decorrer da sua visita.

Ele optou por Uísque dessa vez, com duas pedras de gelo e um limão.

Assim que sirvo sua bebida a porta é aberta. revelando um homem com cara de ter uns trinta anos, cabelo incrivelmente arrumado, uma roupa social, um blazer cinza escuro por cima dos ombros e usa um óculos de grau.

O mesmo se senta no banco vazio no balcão, olhando o seu celular.

— Garçonete, uma bebida bem forte com gelo por favor. — Diz impassivo, vidrado no seu celular.

— É pra já senhor.

Quando pego a bebida meu celular vibra, olho para o cliente que nem presta atenção no preparo da sua bebida e então pego meu celular, abrindo a conversa com Jj.

Estou com saudade, quando seu turno acaba?

Me pego sorrindo com a mensagem, é só uma mensagem boba Kiara, deixa disso.

Daqui meia hora, você vai vir me buscar?

Claro, não estou em casa agora mas estou perto do bar, daqui a pouco nos vemos.

Ok, estarei esperando.

— Quem é o cara que fez você sorrir desse jeito? - O dono do bar questiona ao surgir com uma caixa cheia de bebidas para o estoque de licor.

— Ninguém, só um... amigo.

— Na minha época a gente não sorria assim pra uma mensagem de um amigo.

— Nós, quer dizer... moramos juntos e saímos pra jantar esses dias.

— Isso me faz ter a impressão que vocês estão se conhecendo.

— Talvez, eu resolvi só deixar levar sabe, e depois ver o que da.

— Você está vivendo mocinha, trabalha aqui tem mais de um ano, nunca vi você com esse brilho no olhar assim antes.

— É que depois de muito tempo, eu estou me desprendendo do meu passado, e modificando meu presente pra não cometer erros dos meus antepassados no futuro.

— Confuso mas poético. — Diz me fazendo rir. — Bom, o licor de amora voltou, agora os clientes param de pegar no meu pé. Se eles soubessem que eu só compro não fabrico a mente deles explodiriam.