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-Vou tomar um banho, fique a vontade. -Paro em frente ao guarda roupas e tiro minha camisa jogando-a dentro do mesmo, busco por uma roupa confortável e corro para o banheiro.
Após o banho que não foi demorado, já vestido saio do banheiro e vou procurar por Elis, que está na cozinha mexendo em algo na panela. Apenas paro perto do batente e me apoio, é realmente satisfatório observá-la.
-Você está estranho. -Ela diz baixo, mesmo de costas.
-Como sabe que estou aqui?- Pergunto o óbvio brincando.
-Esqueceu que além de eu ser um demônio, você usa um sabonete incrivelmente cheiroso? -Ela se vira para mim após desligar a panela. -Fiz algo para você comer e como não sei bem o que você vai comer a partir de hoje, fiz comida humana. -Ela separa as coisas acima da mesa, despeja um tipo de sopa no prato fundo e me entrega.
-Obrigada, não precisava eu realmente não estou com fome. -Concluo surpreso, normalmente sinto fome a todo momento.
-Come tudo. -Ordena e eu apenas começo a comer depois de rir de sua autoridade.
Elis é um demônio criado por Lúcifer, como se fosse filha dele, mas essa história é muito complicada. Ele se deitou com sua mãe, mas a criança acabou morrendo antes mesmo de nascer e sua progenitora não suportou a perda, estava prestes a entregar sua alma ao mais profundo calabouço do inferno, quando Lúcifer a impediu e lhe deu a certeza de que devolveria sua filha. Pela primeira vez, ele pode sentir o mais profundo e singelo amor, este atribuído a Seelie, ninguém menos que a rainha das fadas, aquela que carrega o sentimento de amor que escapou da caixa de pandora.
E assim Lúcifer criou Elis, a partir de seu sangue, junto ao cristal mais lindo e fervoroso do submundo, justificando o poder que ela tem em mãos, a tamanha beleza se comparada ao cristal, sua força herdada de seu criador e controle do fogo presente na pedra. Realmente sua história é encantadora, se não fosse por ser criada por um ser tão destemido, horrendo e sem alma como Lúci.
Mas tarde Elis se despediu de mim e disse que voltaria pela manhã. Eu arrumei minhas coisas e agora estou deitado sobre a cama macia do meu quarto. Os pensamentos negativos me perseguem, eu não sinto mais a raiva, mas em compensação a angústia de não ter a conexão com Akemi está presente e a ideia que tenho poucos dias de vida até morrer me assusta e muito. Decidi ir falar com minha mãe, porque ela tem respostas para minhas perguntas e obviamente eu preferiria não ter que falar com ela, mas por ser minha mãe é a única que pode me dizer o 'que quero ouvir, minha maior duvida é como ela não interviu na morte de Akemi, algo muito errado está acontecendo, sinto que minha irmã já sabia que isso iria acontecer, a forma como se despediu o comportamento dela antes da viagem e a mensagem que deixou para mim, tudo isso é um quebra-cabeça só falta saber as ordens das peças. E minha mãe com certeza não deve saber que meu despertar está por dar sinais. Isso a deixará surpresa e com raiva, já que sempre me disse para não forçá-los e creio que ela esteja por trás da demora dele aparecer.
A insônia me pegou de jeito esta noite, eu não costumo ter problemas para dormir. Rolo na cama como um louco, me levanto bebo água, checo a janela diversas vezes e quando finalmente sinto resquícios de sono, alguém bate em minha porta, eu urro em ódio, me levanto e calmamente calço meus chinelos, vou até a linear abro e me deparo com Léo, parece cansado e suas orelhas permanecem baixas, dou passagem para que ele entre e logo fecho a porta, andamos em silêncio até que ele se senta em minha cama e procura fôlego.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...