...
-Eu sinto muito. -Vejo seu corpo retrair, sigo a fenda até o final no inferior das costas, sei que não dói, mas eu inexplicavelmente sinto sua dor maçante. -De verdade, eu queria passar por isso no seu lugar. Abaixo o tecido cobrindo novamente suas costas e a abraço por trás. -Você não merece isso.
-É tão normal quanto parece. -Ela toca meus braços em volta de si. -Assim como você passaria isso por mim, eu faria isso mais mil vezes se fosse necessário. -Sua voz sai doce e meiga, mal parece ser dita por um demônio de classe alta como ela.
Antes que eu diga mais alguma coisa a porta do banheiro é aberta e Dominus sai do cubículo já vestido, olha para nós dois e abaixa a cabeça seguindo até a lavanderia no fundo da cozinha. Retorna silenciosamente se sentando na beira da cama. Eu e Elis nos aproximamos e deixo que ela tome as rédeas para se comunicar com esse cara.
-Está tudo bem, Dominus? -Ela pergunta calmamente.
-Si.
-Se precisar de algo não se limite a pedir para nós, eu já estou começando a resolver as coisas. -Ela sorri doce e eu me indigno como ele não reage bobamente para o sorriso dela. Cara seco, eu em.
-Hoje você pode ficar com a cama, eu durmo no colchão. -Digo puxando o colchão debaixo da cama.
-Eu vim ver se estava tudo ok. -Ela diz me ajudando a arrumar a cama improvisada. -Mas já tenho que ir, pretendo ir ver Tauni, e depois terminar de colocá-lo no sistema.
-Não se force tanto, você precisa descansar também. -Digo jogando o travesseiro na cama.
-Ok, vou descansar mais tarde. -Acompanho ela até a porta. -Tenha uma boa noite.
-Igualmente Elis, obrigada por tudo. -Digo sinceramente ao ver ela se afastar corredor a fora.
A noite se passou calmamente, Dominus dormiu rápido, parecia cansado e aparentemente amou a cama. Eu demorei um pouco para apagar, já que todas as informações e acontecimentos pareciam ter caído em cima de mim somente nessa madrugada, me peguei pensando em tudo, nos ferimentos da Elis, no sangue e poder que suguei do bruxo, nos novos dons e principalmente no fato de eu ser um demônio. Minha mãe vai enfartar quando for mandada para o inferno, nada mais justo eu creio. E depois de alguns minutos rodando no colchão o sono me acalentou.
...
Acordo com um barulho na porta da frente, me levanto vendo Dominus em pé próximo a linear ainda fechada, o encaro questionando e ele acena para a porta. Ele não curte falar. Me levanto devagar, ainda ouvindo a batida frenética, e ando até o local.
-Quem é? -Minha voz sai rouca.
-Abre logo essa porta Daen!! -Equidna berra do outro lado, e sinto enjoo, olho para Dominus sussurrando para que ele se comporte como o planejado. Abro a porta e ela já entra no recinto furiosa.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...