"Me mande para o inferno..."

2 0 0
                                    

...

-Você se acha o maior agora que despertou, não é? -Ela quebra o silêncio, sua voz consideravelmente instável pela raiva.

-De fato eu cresci, mas não me acho tanto. -Desdenho da sua raiva. -O poder não me subiu a cabeça ainda.

-Entra agora! -Ela abre a porta mostrando o cômodo mediano e escuro. 

Adentro o local e me encosto na parede ao lado da porta. Equidna acende as luzes revelando todos os equipamentos de tortura que ela acha ser necessário para punir. Me olha sorridente claramente amando a situação, faz tempo que ela deseja me trazer para esse cômodo imundo de novo.

-Veja, vou prender suas mãos dessa vez. -Ela segura uma corrente grossa junto a um cadeado.

-Você já pensou no fato dessa sua satisfação de punir, poder ser sadomasoquismo? -Pergunto enquanto ela me amarra, tenho a clara intenção de irritá-la.

Ela me olha furiosa e sua energia oscila em vergonha, eu dou risada e ela defere um tapa forte em meu rosto. O tapa ardeu, mas não a ponto de doer. Ela tinha raiva, não força. 

-Se ponha em seu lugar seu pecado nojento. -Ela puxa a corrente, me arrastando para um ponto específico do quarto.

Ela pega um porrete grande, cheio de pregos pequenos e se aproxima de mim. A olho desacreditado. Ela realmente acha que vai me machucar?

-Você sabe que eu posso quebrar essa corrente facilmente né? -Digo baixo calmo, e isso parece irritá-la.

Antigamente quando ela me trouxe até aqui por desobedece-la, eu chorei o caminho todo, foi necessário que ela me arrasta-se. Eu esperneava e gritava a Zeus e o mundo por ajuda. Quando entramos aqui eu fiquei em choque, e quando ela começou a me bater, beliscar, chutar e eletrocutar, eu cheguei a mijar na cueca, já que ela faz questão de tirar toda a minha vestimenta, porque ela queria que eu sentisse mais dor. Porém a raiva dela agora é abundantemente satisfatória, ela sabe que eu não tenho medo dela, sabe que a não ser que faça muito esforço eu não vou sentir dor.

-Mas você não vai fazer isso. -Ela me olha enojada. -Eu posso te transferir para o templozinho medíocre da sua mãe.

Meu corpo tenciona. Estar no céu seria um "inferno". Lidar com os anjos me encarando, julgando, e destratando me causa náuseas, e o pior é que ela tem o poder de me mandar para lá, porque por mais que eu seja fisicamente um demônio, ainda tenho sangue celestial, no entanto isso é passagem aberta para uma possível moradia lá.

-Me mande para o inferno ou para o mundo dos humanos, mas não me leve para o céu -Digo com raiva. 

-Então se mantenha quieto, e aproveite o show. -Ela desfere o primeiro golpe em minhas costas, sinto as pontadas dos pregos perfurarem minha pele, o impacto foi tanto, que ela faz força para tirar o porrete da região. Sinto o sangue escorrer mas não solto um suspiro sequer, não darei a ela o prazer de me ver sofrer. 

-Não doeu nem um pouco. -Falo olhando para trás, vendo-a sorrir.

-Isso é pouco para você? -Ela arrasta lentamente, mas com força o objeto nos meus braços, deixando marcas ralas, cortando superficialmente.

-Pouco me importo, acabe logo com isso. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora