⫮Possuída⫮

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Mais de meia hora, é o que eu chuto ser o tempo que ela gastou me maltratando. Com direito a chicote, socos, chutes, envenenamento momentâneo e cortes, muitos cortes. Eu mentiria se dissesse que não senti nada, até porque meu corpo estava regenerando sozinho, mas isso gasta energia, e por esse fator fiquei mais vulnerável a dor. Passei a me sentir fraco e desgastado, mas cansaço do que dor física na verdade. Há sangue por todo meu corpo, ela me massacrou sem dó alguma. Mas eu me mantive firme, e não chorei ou gemi de dor em momento algum, e acho que por isso ela não prolongou mais essa tortura, pelo simples fato de não ter a satisfação de me ver grunhir em puro sofrimento.

No momento estou sentado no chão com as mãos erguidas para cima, ainda amarradas pela corrente imunda de sangue. Meu corpo começa a dar sinais de dor muscular, e o cansaço me corrói. Ela está sentada em uma cadeira velha parada em minha frente a uns 10 minutos, sem falar ou fazer absolutamente nada. Sinto a energia dela igualmente cansada, mas feliz e prazerosa. Escuto seu coração bater rápido, e a adrenalina percorrer por suas veias. Essa psicopatia dela me arrepia.

-Não vai me soltar? -Digo em um sussurro, olhando para sua cara nojenta que contém respingos do meu sangue.

-Você queria que eu te punisse rápido para poder ir embora, e já que a dor não parece ter feito tanto efeito, vou te deixar aqui até implorar para sair. -Sua fala sai calma, e seu sorriso bonito me incomoda.

-Ok. -Desvio meus olhos dos dela, observando o barulho em volta.

Mas 40 minutos se passam, e ela não se levanta ou ao menos me solta, de certa forma começa a me irritar o fato dela me observar esse tempo todo, e nem se dar o trabalho de limpar o próprio rosto, o meu sangue não merece estar pintando o rosto dessa megera.

Ouço passos rápidos ecoarem fora do cômodo, e uma energia amedrontadora inundar o corredor e o quarto. Equidna se levanta um pouco aflita de repente, e em segundos a porta é arremessada para dentro da sala, passando a centímetros de mim. Olho para a porta e um sorriso aliviado me aborda, Elis entra enfurecida, em sua forma demoníaca, mirando Equidna. Eu faço força nos braços estourando as correntes facilmente, mas me mantenho no chão.

-Monui te claudere locus iste. (Eu falei para fechar esse lugar). -Elis avança em direção a Equidna. -Cur tatam cum eo? (Porque mexeu com ele?)

-S-se acalme Elis. -A cobra disse trêmula. Elis aperta mais o pescoço dela. -Eu não ia fazer nada de mais com ele.

-Nocere ei satis est!(Machucá-lo é o suficiente!) -Ela lança o corpo da mulher facilmente na outra extremidade da sala. Eu me mantenho no chão, espero que ela faça Equidna pagar por tudo, com limites,  não irei me meter até que ache certo.

-Elis, não faça nada que vá se arrepender. -Ela diz jogada no chão, tenta se levantar, mas aparentemente seu corpo perdeu força.

-Não chegue perto dele! Ou eu te mato da próxima vez. -O demonio diz ao mesmo tempo que sua mão segura a testa de Equidna, e surpreendentemente uma nuvem preta adentra a boca e narinas da cobra, a fazendo quase engasgar. -Vou te fazer sonhar com tudo que eu sou capaz de fazer com você. -Elis sorri perversa. Irreconhecível. Atraente.

Equidna ainda é devorada pela nuvem densa, seus olhos estão completamente brancos, como se estivesse sendo possuída. Sua boca aberta parece querer gritar, sua expressão é de dor, uma dor que chega me tocar. Sua áurea fica intensamente preta, seu corpo treme, e aos poucos ela se encolhe ainda mais. Essa situação toda me incomoda, me deixa inquieto. 

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Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora