...
-Oque foi? -Pergunto.
-Estou vendo como você mudou. -Um sorriso orgulhoso dança em seu rosto e sua aura era azul claro. -Está tão madura, grande, forte e demoníaco. Eu gosto dessa sua nova versão tanto quanto gosto da antiga.
-Obrigada? -Me sento.
-Eu fiz algo para você, como um agrado por tudo. -Ele comenta misterioso. -Eu acho que você vai gostar, é básico mas de coração. -Ele sai em direção a cozinha e volta com um pote escuro.
-Eu notei que você nunca mais teve surto por sangue ou por conta do demônio acordar, isso não é bom? As coisas parecem ter se acertado agora. -Ele comenta se sentando ao meu lado.
-Pois é, ando bem controlado e raramente sinto sentimentos humanos ou raiva. -Mantenho minha visão no pote. -Me dê logo. -Estendo a mão e ele me entrega.
Puxo a tampa do pote pequeno devagar, sinto o cheio forte e gostoso de carne grelhada, observo cada detalhe do lanche caseiro, elaborado de forma fofa, é um hambúrguer artesanal com tema de demônio, tem uns chifrinhos pequenos em cima feito de tomate e olhinhos vermelhos. Dou risada logo olhando para Léo que me observa atento.
-É muito fofo, você fez isso para mim? -Pergunto alegre.
-Sim, quis fazer ele parecido com você, não sei se está gostoso mas fiquei sabendo que é seu lanche favorito. -Ele diz acanhado.
E no momento seguinte sou bombardeado por lembranças, essas que envolvem Akemi, meu coração acelera esquentando meu corpo de forma boa, me sinto acalentado, olho para Léo e depois para o lanche, sinto o aroma se intensificar, e percebo que passei semanas sem lembrar de Akemi, sem chorar por falta dela, ou remoer a culpa que carrego. E novamente miro Léo que se alarma vindo em minha direção, fico sem entender o motivo da sua áurea ser preocupada.
-Por que está chorando? Eu fiz algo de errado? -Ele pergunta e então percebo as grossas lágrimas escorrendo pela minha bochecha, as toco com a mão livre, manchando meu rosto.
-Eu não sei bem...-Olho para ele perdido. -Eu lembrei de Akemi, esse é o lanche que ela costumava fazer para mim...-Admiro o alimento intacto. -Eu esqueci ela Léo.
-Eu não sabia que era o lanche que ela fazia para você, desculpa. -Ele se retrai. -Eu não queria ter despertado essas memórias em você.
-Tudo bem, me sinto mais mal por ter esquecido dela. -Digo baixo. -Eu não pensei nela por semanas, me sinto mal por isso.
-Não se sinta assim, o seu lado místico talvez tenha cortado o efeito do luto, seu lado demônio não deixaria você vulnerável á tristeza...-Ele tenta pegar o lanche da minha mão, mas eu o tomo de volta.
-Você tem razão. -Tiro o lanche do recipiente. -Eu quero comer esse aqui, e ter boas memórias. -Olho para ele sorrindo curto, ele acena e senta ao meu lado.
Abocanho o lanche devagar, aproveito cada sabor, com os olhos fechados busco na memória lembranças com Akemi. O lanche não tem o mesmo gosto que o dela, mas chega a ser parecido. Vejo-a rindo na cozinha, depois nós dois correndo no parque, também lembro da vez em que nadamos no rio proibido e em como eu levei toda a culpa naquele dia, porém foi divertido; recordo as vezes em que brigamos mas logo ela pedia desculpas chorosa, ou das vezes em que eu me metia em brigas e ela estava lá para cuidar do meus machucados, era tudo tão bom...
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chasing The Secret
Misterio / SuspensoA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...