⨗De volta ao calabouço⨗

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Permaneço parado olhando  sua silhueta se afastar, ela deve ter razão, por algum motivo a ideia de Elis estar me esperando é plausível. Ando a passos largos até o portão da URW, eles me dão passagem e logo estou parado em frente ao grande portal para o submundo, já sinto a energia pesada e boa se alastrar pelo meu corpo.

-Você de novo. -Um guarda me olha sugestivo. -Sabia que não iria demorar.

-Abre logo isso, antes que eu desista. -O olho seriamente, ele se alarma e puxa a maçaneta grande, liberando o calor do inferno. -É bom sentir o calor. -Olho para um outro guarda. -Sabe se a rebelião acabou?

-Faz semanas lá, no inferno o tempo é diferente, então faz tempo que acabou. -Ele diz sem olhar em meus olhos.

Suspiro mais aliviado, deixo que minha verdadeira afeição se faça presente. Os chifres, runas, dentes, olhos, tudo. Noto os olhos curiosos dos guardas, mas ignoro. E finalmente entro no corredor mal iluminado, ouço a porta de fechar atrás de mim. Senti saudade. A sensação da energia me inundando, o calor extranatural, os sussurros que o corredor solta, toda essa sensação de poder e pertencimento, é tudo sublime, exorbitante e catastrófico.

Já na saída do corredor vejo o transito normal do primeiro setor, alguns seres riam de conversas paralelas entre si, outros fazem coisas vulgares uns com os outros em outro canto, e o resto simplesmente andam até sumirem em corredores escuros. Olho para os ogros que me encaram em silêncio, os guardas de meu pai.

-Olá. -Digo calmo. -Voltei, e podem avisar meu pai sobre isso. -Olho para um dos ogros que parece agitado. -Ele vai adorar a visita. -O ogro se afasta correndo.

-Onde deseja ficar, senhor? -O grandão da turma pergunta.

-Odeio essa mania que vocês tem de me chamar de senhor. -Reviro os olhos. -Meu nome é Daenmon, me chame assim, colega. -Pisco para ele, que me olha perplexo.

-Gentil. -Outro diz olhando para mim em dúvida.

-Cresci entre alguns seres bons, então talvez isso me faça gentil. -Explico normalmente. -E eu vou ficar no calabouço, não se preocupem.

-Mas lá não é confortável, um ser de sua patente merece um quarto no castelo real. -Ele diz agitado.

-Minha mãe ficou lá, então eu conheço o lugar, é só não deixar ninguém ir me importunar, ok? -Me despeço e ando devagar até o corredor rochoso do calabouço.

O lugar está intacto, da mesma forma em que deixei quando saí, só muda o fato de que minha mãe não está mais presente, jogada sobre a pedra e com sua expressão cansada. Me sento sobre a lápide retangular, é confortavelmente quente, deve ser por isso que Sofia conseguia dormir aqui. Olho para os cantos da cela, detalhe por detalhe, é mediana e escura, somente uma tocha de fogo sobre a parede do lado de fora da cela, que deixa o lugar minimamente claro, o ar é abafado, quente como tudo por aqui, e a energia que talvez incomodasse minha mãe, me deixa calmo e forte. Deito-me folgado, aspirando o ar sobrenatural. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora