...
-Você não me conhece, mas eu te conheço. Venha você deve ter sede. -Ele me puxa até estarmos de frente para uma outra porta.
-O senhor pode me explicar de onde me conhece? -Pergunto enquanto ele me senta em um banco alto.
Esse cômodo com certeza é a cozinha, alguns seres andam de um lado para o outro, cozinhando algo, lavando a louça e limpando o chão. Há um balcão em minha frente cumprido que divide a cozinha ao meio, o mármore é quente e aconchegante. O demônio me olha em silêncio e começa a preparar alguma bebida.
-Eu te vi crescer menino, você nunca me viu, mas eu sempre estive lá. -Ele diz nostálgico. -Seu pai me pediu para olhá-lo sempre. -Ele me olha rápido.
-Meu pai...-Me perco nas linhas dos desenhos do balcão. -Você trabalha para ele, então?
-Sim, a milênios. -Ele me entrega uma taça enfeitada por morangos, e cheia de sangue quente. -Beba, é humano.
Recuo um pouco, já que a tempos não bebo do sangue humano, tenho medo de perder o controle e querer sempre mais, porém me recordo de onde estou. Aqui não tem humanos. Seguro o taça sentindo o cheiro forte do sangue, beberico um pouco e em segundos engulo todo o líquido que desce ardente pela minha garganta, meu corpo parece flutuar pela sensação de energia. Era de uma mulher. Deduzo ao sentir pequenas sensações da dona do líquido.
-É legal né? -O senhor me olha. -Aqui você consegue sentir alguns sentimentos do doador, é uma forma de nos fazer sentir um pouco da emoção dos outros. -Ele pega a taça, pensativo. -E você vai ter que beber mais do que o costume, porque a carga energética daqui vai te deixar cansado e o sangue vai te aliviar.
-Entendo...Mas não pretendo ficar por muito tempo. -Coço a nuca.
-Sabe a quanto tempo você já está aqui? -Ele questiona brincalhão. Aceno em negativo.
-No mundo humano já deve ter passado uns 10 dias, e aqui já se passaram uns 30.
-Mas eu cheguei tem poucas horas! -Olho assustado para ele, que ri.
-É bem confuso, mas depois você se acostuma. -Ele se vira e conversa algo com um demônio parado ao lado da porta, que me olha sem expressão alguma e sai.
-Você mandou ele avisar meu pai que estou aqui? -Questiono quando ele se aproxima.
-Sim. -Ele parece incomodado. -Ele vai querer te evitar, até que vá embora, já avisando.
-Eu imaginei...-Suspiro. -Mas eu vim porque quero ajudar, minha mãe está causando isso tudo.
-Nem é tanta coisa, os infernais estão assim revoltados, porque tem medo da decisão suprema que Lúcifer pode tomar, e a energia dela deixa alguns loucos. Lucy já está controlando as coisas, então você não tem muito o que fazer. -Ele sorri carismático.
-Qual seu nome? -Mudo o assunto, mais tarde lido com essa informação.
-Astaroth. -Ele sorri mais, quando o olho grande.
-Já ouvi falar de você. -Lembro-me dos comentários maldosos sobre os atos desumanos dele. -O aproveitador de almas perdidas.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...