⫉Vermelho esfumaçado⫊

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O guarda nota a presença dela e rapidamente abre a porta, eu passo junto sem ser questionado andamos até a porta preta pela qual minha mãe entrou a alguns dias atrás, paramos diante dela e Elis troca algumas palavras com o guarda, que prontamente concorda abrindo a linear. Uma onda de calor grotesca sai da dentro do local, e chego a pensar que um humano queimaria vivo. A sensação boa me toma, fazendo um suspiro escapar espontaneamente de mim.

-Ele vai entrar senhorita? -Outro guarda pergunta.

-Não me chame de senhorita, meu nome é Elis, e não ele não vai entrar, não hoje. -Ela responde ele me olhando. -Como se sente?

-Extasiado, entorpecido, não sei qual palavra usar. -Dou risada da minha confusão.

-É assim mesmo que nos sentimos também. -Ela olha para as próprias mãos e eu acompanho o gesto. As pontas de seus dedos começam a ficar vermelho sangue, como uma leve tinta esfumaçada, ergo meus olhos e noto os chifres grandes dela despontarem, suas runas aparecem acesas, e seus olhos brilham como na nossa madrugada juntos, mas esse vermelho não chega a ser tão intenso como os que ela me mostrou naquela noite.

-Nunca imaginei que acharia um demônio bonito. -Solto risonho.

-Eu sei que sou maravilhosa de qualquer maneira. -Ela ri mostrando os caninos afiados.

A beleza dela é estonteante, chega a doer olhar para ela dessa forma, a presença é tão marcante e boa, que tenho vontade de agarrá-la e não soltar mais, ou até mesmo beijá-la de novo. Seus olhos marcam a pele, capazes de deixar gravuras funda, suas palavras são fortes e penetrantes, suas mãos são capazes de afundar um navio de tão poderosa, tudo nela é inspirador.

-Não me olhe dessa forma, senão eu desisto de descer. -Ela parece desconcertada. -Olhe suas runas estão brilhando, acho melhor você ir ou vai se transformar completamente, e sair por ai na sua forma demoníaca chamaria atenção.

Olho para meus braços e me prendo nas runas brilhantes, frases de poder abordam meu corpo me dando a sensação de liberdade, confiança e muitas outras coisas. Noto os guardas ao meu lado fecharem os olhos atormentados pela luz que mal incomoda a mim ou Elis.

-Vá Dean, eles são sensíveis a sua luz. -O duplo sentido dessa frase me fez bem, sinto o orgulho dela por mim, o que me permite sentir o mesmo. Sorrio grande e me afasto dando alguns passos para trás notando as runas pararem de brilhar devagar.

-Tchau, e não demore. -Digo acenando para ela, que retribui o gesto, e entra no recinto de paredes vermelha e preto.

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O que me faz pensar que talvez um dia eu tenha coragem de entrar no inferno? Eu me sinto bem quando estou perto da porta, o calor me traz uma sensação de poder maravilhosa, mas pensar em estar lá embaixo, conhecer mais demônios de alto escalão, ou só de pensar em estar no mesmo mundo que meu pai, me deixa enjoado, meu corpo tenciona e me sinto incapaz de dar um único passo. Uma mistura de sentimentos que me deixam confuso e nervoso...

Me levanto sentando na ponta da cama, esfrego meu rosto nervosamente, me sinto estranho, meu corpo está inquieto e realmente não sei decifrar esse sentimento agora. Me dirijo até a cozinha, decidido a fazer alguma comida humana para me distrair. 

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Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora