⨹Cueca de ursinho⨹

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-Eu não queria ter que fazer isso. -Ela pontua e vejo seu punho se fechar e em segundos recebo um soco forte na boca do estômago.

O golpe foi forte, algo capaz de machucar um elefante. Contraio o abdômen, colocando as mãos sobre o lugar afetado, instantaneamente minha mente para, somente para absorver a dor e a respiração falta, mas volta bruta, abro minha boca para puxar o ar e dizer algo, mas me limito em rir descrente.

-Porra...-Digo me encolhendo mais. O soco não doeu o tanto que era para doer por causa da minha nova resistência, mas dizer que não senti nada, é mentira.

-Desculpe, mas pelo menos funcionou. Procure respirar devagar agora. -Ela se sentou na tampa do vaso sanitário, descansando.

-Vou buscar alguma coisa para você vestir, sua calça está ensopada. -Tauni deixa o banheiro indo de encontro com meu vazio e grande guarda roupas.

-Eu tenho que lhe retribuir por todas as vezes que me salva. -Digo me sentando no chão do box. Esse cômodo me parece tão pequeno agora. 

-Eu não quero que retribua nada. -Ela sorri e estica o braço para acariciar meus cabelos molhados como uma mãe. -Eu estou aqui por você, porque sei que se fosse comigo você também me ajudaria.

-Sim...-Sinto meu peito palpitar errado e desvio os lumes agora na coloração normal para a parede branca e sem graça na minha frente. -Eu preciso tirar isso aqui. -Digo apontando para a calça molhada que tenho grudada em meu corpo.

-Vou sair então. -Ela se levanta e sem dizer mais nada sai do cômodo.

Levanto rapidamente me segurando na parede ao sentir a tontura que me atormenta, retiro o resto de roupa que uso e ligo o chuveiro desta vez no quente. Mergulho na água fervente e me sinto acolhido, fecho os olhos e tento pensar em coisas boas, após me acalmar verdadeiramente, me lavo adequadamente e desligo o registro. Saio do box enrolando a toalha na cintura e percebo não ter pegado a roupa que Tauni separou para mim.

-Achei que tinha morrido. -Tauni aponta, ao me ver sair do banheiro.

É ridículo a forma como fico confortável perto delas, mal me sinto constrangido por estar somente com uma toalha no corpo, e elas parecem pouco se importarem, me tratam como uma criança que elas cuidam com afeição e carinho. Não deixam eu me sentir como um peso nas costas delas.

-Vai se ferrar. -Digo com falso tom bravo, o 'que arranca uma risada fina dela. -Cadê a roupa?

-Ta cego? Está em cima da cama. -Ela diz risonha.

-'To com uma puta dor na barriga serve? -Digo pegando a roupa, e então sinto uma vontade tremenda de me fundir com o chão. Tauni havia separado uma peça de roupa completa para mim, o 'que era composto por uma bermuda preta, a camisa que Akemi me deu no meu aniversário de 19 anos, e a merda da cueca que Léo me deu nesse mesmo dia, a cueca com desenhos de ursinhos rosa e roxo. Olho para a raposa fajuta e sua expressão de divertimento me abala, ela ri contente e levanta as pestanas em pura brincadeira.

-Eu te odeio! -Digo jogando a cueca no armário aberto. 

-Ué, ia ficar uma gracinha, sexyyyy!!! -Ela gargalha e Elis aparece na porta da cozinha, sorrindo pequeno para nossa palhaçada. Fico vermelho ao perceber que ela já havia visto a peça.

-Eu concordo com ela. -Ela deduz simples. -Estou preparando comida para você, se vista. E você Tauni deixe-o em paz, ele já é perturbado.  -Ela sai rindo baixo. 

-Eu não sou perturbado...-Balbucio em sussurro.

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora