...
-Tomarei a responsabilidade de tirar Sofia daqui. -Digo olhando para os três. -Ela cometeu erros, mas nem por isso precisa ficar em um lugar sujo como aquele, e o caos lá fora é por causa dela.
-Você não vai levá-la. -Lucifer se ergue rapidamente. -Ela vai permanecer aqui.
Xeche mate! Era essa reação que eu queria para comprovar minhas dúvidas.
-Eu sabia. -Digo baixo. -Você à quer por perto, pai? -Vejo ele hesitar, percebendo a reação impensada. Seus olhos recorrem a Samael que o olha rindo discretamente. Que cara sorridente.
-Não sei do que esta falando. -Ele muda a postura, desconfortável.
-Você ainda ama Sofia? -Semicerro os olhos. -Então foi por isso que disse aquilo para ela no calabouço...
-Não se meta nesse assunto. -Ele me olha ainda mais raivoso.
-Não me importo com isso que vocês têm, mas quero que cuide dela, se isso for verdade. Cale seus súditos, essa rebelião já deveria ter acabado. -Me viro para Elis novamente.
-Daen eu...-Ela segura meu pulso.
-Você vai me prometer que vai cuidar dela. -Suspiro. -Ela precisa de cuidados, mas eu não consigo ser bom para ela agora. Nunca consegui de fato.
-Tudo bem...Mas eu vou voltar para a MDW. -Seus olhos brilham, refletindo nos meus.
Sem dizer mais nada, afasto seu toque e passo por ela saindo do salão real. Deixando para trás meu pai e minha luz. Meu corpo parece destroçado e minha cabeça gira em confusão, está sendo tudo tão diferente do que pensei. Por que as coisas continuam saindo do controle? Piso firme até estar novamente no calabouço. Estou realmente preso nesta rota.
Minha mãe está deitada sobre um pano velho, no canto da cela. Me aproximo em silêncio, e me sento ao seu lado, ouvindo sua respiração pesada.
-Por que eu estou tendo tanta piedade de você agora? -Sussurro, afastando os fios negros de seu rosto. -Meu coração doeu ao te ver chorar...Mas você me fez sofrer tanto, isso deveria me manter indiferente a sua dor. -Fecho os olhos exausto. -Eu queria ter um bom relacionamento com meus pais, é tudo que eu sempre quis quando criança, mas agora vejo que isso parece ser tão distante e impossível. -Tiro a blusa de moletom do meu corpo e a embrulho. -Eu conheci meu pai, e eu esperava que ele fosse alguém mais caloroso como o Samael, mas ele é frio e indiferente a mim, me magoou de certa forma e deve ser dele que puxei toda essa amargura, todo esse ódio eminente por quem me machuca, e eu não queria ser assim...Irônico eu querer amor de Lúcifer...
Sinto lágrimas molharem meu rosto, passo o dorso da mão limpando-as, e noto a cor forte manchar minha derme. Suspiro. A dor não fez de mim uma pessoa melhor. Sou tão jovem para estar tão fodidamente destruido.
-Eu acho que ainda te amo como na minha infância, mãe...-Molho de sangue a blusa que esquenta seu corpo adormecido. Meu peito parece se livrar de um grande peso, talvez eu só precisasse assumir que mesmo depois desse inferno que minha vida se tornou por causa dela, eu ainda a amava, eu ainda a tenho como minha mãe. Mesmo agora tão tarde, mesmo depois de tudo, mesmo que tão distante.
Me levanto determinado a ir embora. Limpo minha calça, e ando em direção a saída do calabouço, me despeço dos guardiões e em meio ao surpreendente silêncio, chego na saída do inferno. Os infernais se curvam e rapidamente abrem a porta, atravesso já notando a diferença de energia, o inferno voltava aos poucos a ficar quente. Tudo parecia estar quase resolvido.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...