⩸Ralado⩸

1 0 0
                                    

...

-Está vazio mesmo que cedo, é estranho mas está totalmente vazio. -Ela parece pensar. -Vamos arriscar mesmo assim, peguem suas bolsas e subam na árvore.

-Não tem um jeito mais fácil de passar para dentro? -Pergunto nervoso.

-Nunca subiu em árvores antes? -Ela me olha engraçado. -Posso lançar seu corpo muro acima mas garanto que o pouso não vai ser bom.

Não respondendo sua alfinetada me levanto jogando a bolsa sobre os ombros, e indo em direção a árvore. É óbvio que já subi em árvores, só não acho que seja a única saída, ou entrada, sei lá.

Vejo ela subir novamente e parar diante de um galho grosso esperando por mim e o cachorro. Olho para ele indicando que fosse primeiro, e sem reclamar o moreno passa a escalar a árvore facilmente, logo que ele se abriga em outro galho me ponho a subir igualmente, claro ,com certa dificuldade e não deixando de me arranhar, e passar a vergonha de sempre. Elis ri baixo enquanto me assiste subir choramingando, Dominus incrivelmente tem um riso pequeno nos lábios, e isso me enfurece. O cara nunca expressa nada, mas quando eu estou passando um perrengue ele me vem com risadinha, vai pra merda!!

-Finalmente. -Ela comenta enquanto me aproximo do galho onde ela está sentada.

-Não fode. -Digo sério passando a mão nos lugares ralados, não sinto dor, mas é humilhante ter vários espalhados pelos braços e pernas.

-Vamos, não fique bravo, preciso da sua ajuda Dah. -Sua mão arruma meus cabelos.

-Diga de vez. -A olho de perto, realmente a raiva por ela não fica por tanto tempo alojada em mim.

-Olhe em volta e veja se tem aura estranha ou presente que não conseguimos ver. -Ela pede apontando para o jardim aberto da MDW. Olho para o lugar sentindo uma porcentagem de 0 saudades. Foco meus lumes em todos os cantos, mas não sinto e nem vejo absolutamente nada, olho para o demônio e aceno em negação, ela suspira aliviada.

-Então vamos entrar, corram para a parte das portas duplas, normalmente não tem muito movimento por lá. -Ela olha para nós dois. -Eu vou para a minha sala, e mais tarde apareço por lá. -Sua voz é firme.

-Vai para a sua sala mesmo, ou vai ao encontro dele? Já que sabemos que ele vai te achar ali dentro? -Minha pergunta a pega de jeito e sua boca seca, seus olhos fogem dos meus e isso já basta como resposta.

-Ok, faça o 'que achar certo. -Suspiro pondo-me à frente. -Vamos Dominus.

Sem mais conversas ou despedidas, salto para dentro dos muros e Dominus vêm atrás, logo disparamos em direção às portas laterais, olho para trás procurando por Elis que corre igualmente para o outro portão, seu rosto fechado focado é bonito, mas sei que dentro de sua cabeça já se passa a situação que vem adiante. Me sinto um merda por não poder fazer nada para que ela não seja punida por minha causa. Olho para Dominus que corre rapidamente ao meu lado, parece cansado, mas eu prefiro dizer que abalado seja a palavra certa para ele no momento.

Diminuo a velocidade ao sair do lugar aberto, me escoro na parede ao lado da porta e espreito dentro dos corredores, aparentemente ninguém. Volto a encarar o cachorro agora humano, acenando para ele ir devagar. E sem mais demorar avisto a porta do meu quarto, puxo a chave para fora do bolso e ando apressadamente até o local sendo seguido pelo moreno, abro a porta e me lanço junto dele para dentro do cômodo, tranco a porta e apoio minha cabeça na linear, suspiro cansado. 

Tudo estava muito estranho. 

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora