⋠⋡Lúcifer clama a Deus⋠⋡

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...

-Aguenta firme, a gente vai tirar isso. -Ela soluçava freneticamente.

Meu corpo está paralisado, não movo um músculo, nem mesmo sinto meu coração bater, sinto apenas as lágrimas queimarem meu rosto. Por que aqui está tão quente, e meu corpo frio? Eu não consigo respirar... Por que Daenmon está tão quieto? Pareço vazio. Olho para minhas mãos, estão manchadas de sangue, muito sangue. Sinto então a madeira frisar contra minha pele interna, Elis puxa o arpão com força, mas parece sem forças. Eu curvo o corpo urrando em agonia, minhas mãos escorregam no meu sangue espalhado em abundância pelo chão...Estou cedendo à minha própria dor, meu próprio poço sem fundo.

-Elis...-Digo sôfrego, trêmulo, sem ar. Ela se aproxima em desespero dizendo que vai ficar tudo bem. Nem ela acredita nisso...

-Eu amo você. -Toco seu rosto, sorrindo, a pinto de vermelho intenso. -Eu sempre te amarei...-Minha visão escurece e volta. Vejo fracamente Elis se debruçar em mais lágrimas, ela nunca chorou tanto em minha frente. Olho para Sofia que está igual, puxo a barra de seu vestido branco.

Estou pintando tudo de vermelho Daenmon...Deixando minha marca.

-Eu também te amo muito...mãe...-Meu corpo vacila e deito no chão. Sofia me olha em prantos surpresa.

-VOCÊ NÃO PODE ME CHAMAR DE MÃE QUANDO ESTÁ PRESTES A MORRER!! -Sua energia branca é corrompida por uma fumaça preta gigantesca, não só ela mas agora todos que estão presentes na sala se aproximam tomados pela neblina preta que só eu enxergo.

Só eu vejo a dor...Talvez seja isso que eu desperte nas pessoas.

O dono do inferno cujo meu pai, se abaixa perto de mim, me erguendo pelos ombros, ele chora. É a segunda vez que faço o Rei do submundo chorar...Ele me sacode, mas tudo está lento em demasia, suas vozes estão longe, eu mal ouço minha respiração que tenta a todo custo me abandonar. Ergo a mão apontando para o teto. Ele acompanha meu gesto atordoado, percebo que ele também está manchado de sangue.

-A gente carregou o peso dos três mundos, pai. -Sussurro sabendo que ele ouve. Sorrio. -Eu não vou para o céu. -Murmuro alucinado. Ele é como eu, tudo que toca quebra, desmonta, machuca...

Meu pai me larga de repente, meu corpo escorrega novamente para o chão tingido de vermelho, vejo-o se afastar até estar no meio do salão. Sua expressão é sofrida, nada lúcido. Ou talvez eu esteja ficando louco. Ele fecha os olhos, parece sentir dor. Todos param para olhá-lo, ele lentamente se ajoelha diante de nós, estranhamente tudo fica silencioso, ele une as mãos como em oração, e seus olhos agora azuis brilhantes olham para mim em chamas, um círculo branco se forma em volta dele, e a energia do lugar se emancipa de destruição. Abro meus olhos ainda mais. Não estou vendo isso...

LúficerNRD

Está me matando não saber oque vai ser daqui para frente. Tenho medo de perdê-lo,um medo destrutivo que me agarra pela nuca e me joga na realidade, ele não pode atravessar a porta, sem antes que eu tente minha última carta.

Eu não tenho outra escolha, eu nunca me imaginei fazendo tal atrocidade ao inferno, mas agora se trata do meu único filho legítimo, meu novo amor. Eu vou engolir todo o meu ego, todos os meus séculos de rei, e pedirei ajuda a Ele. 

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora