"Eu não mereço isso"

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Me arrumo basicamente, pensando na conversa anterior com Equidna, e como assim "Voltar com mais culpa" ? Essa mulher é louca, e tenho plena certeza que nada que acontecer lá vai me trazer culpa, ando transformando toda dor e arrependimento em raiva e neutralidade. Saio do quarto vestido com minha caxaréu e calça moletom, devagar ando pelo corredor central observando o portão distante, já que se eu olhar para o lado verei os outros moradores de bituca em mim, parecem que nunca viram um demônio na vida, ou talvez seja porque o demônio seja eu. Após sair da parte interna da MDW, recebo de bom agrado o sol da tarde, caminho até o portão do "céu" logo sendo percebido pelos guardas.

-Ela já saiu, vá para o URW e não ouse passar perto daqui novamente. -A voz grossa e desgostosa do guarda ralha, ele me olha com nojo e puro desconforto, minha presença parece os afetar negativamente e suas energias estão escuras, e anjos não costumam ter esse tipo de aura.

-Ela? URW? -Pergunto confuso.

-Sua mãe, ande vá embora, se junte a ela no lugar de onde nunca deveriam ter saído. -Ele cospe as palavras pouco me afetando.

-Anjo negativo você em...Cuidado que posso te lavar comigo. -Brinco mas logo percebo o medo na face angelical, sua postura contrai arrancando uma risada baixa de mim. -Tenho sede de punição, então senhores não pequem, ok? Posso vim pegar vocês a qualquer instante. -Digo me virando em direção à lateral do jardim.

Provocá-los me satisfaz, não costumo desrespeitar anjos, mas aquele palerma procurou por isso, se me trata como demônio vou ser um. Nunca os dei motivos para tal tratamento. Acabo por me sentir um pouco mal depois de perceber a real situação. Minha mãe já vai ser mandada para o inferno e eu já estou sendo destratado por todos. Voltando à estaca 0. Ando mais apressado até o portão do submundo, o ambiente já é totalmente diferente a energia do local é pesada mas não chega a me fazer mal, até me traz certa familiaridade, olho ao redor vendo seres mais macabros que o normal, demônios, fantasmas e ogros transitam tranquilamente.

-Quase chegou atrasado. -Um ser desconhecido se aproxima. -Sua mãe já está lá dentro na primeira porta. -Seu sorriso é maléfico algo como satisfação.

-Ok, obrigado. -Ando até a porta principal da URW, logo tendo a entrada liberada facilmente. Isso é porque sou um demônio? Aqui dentro é quente, e as paredes tem tons escuros. Olho para os lados e logo vejo uma redoma de pessoas próximas a uma grande porta preta, ando rapidamente até lá sendo notado por guardas das trevas, alguns abrem a passagem me dando a visão da minha mãe algemada rodeada de outros demônios, suas vestes estão sujas e seu rosto tem grossas lágrimas escorrendo abundantemente. Seus olhos se encontram com os meus e automaticamente paro de ouvir as risadinhas e comentários maldosos ao meu redor, meu corpo guia-se até a mulher, os guardas estranhamente me deixam passar até que eu esteja de frente para ela, próximo suficiente para conversar.

-Achei que fosse demorar mais para isso acontecer. -Digo notando a dor em seus olhos.

-Porque fez isso comigo? -Sua voz saiu arrastada. Me surpreendi com a pergunta idiota.

-Eu não fiz nada, apenas fui atrás da causa disso tudo, você sabe que uma hora isso iria acontecer. -Explico calmamente.

-Eu não mereço isso...-Mais lagrimas. 

Ninguém merece isso...

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Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora