...
-Não vão me dizer? -Pergunto inquieto. Elis afasta a mão de mim, seguro-a rapidamente. -Não deixe de me tocar, Por favor. -Sua pele sobre a minha me mantinha nos eixos, impedia o medo de tomar-me por inteiro. Ela me olha em silêncio e suspira.
-Quando seu pai falou com Ele. -Samael começa devagar. -Teve que se submeter a um sacrifício. -Engole em seco. -E sua mãe se ofereceu para ir no lugar, ela se sentia culpada, e preparada para se redimir. -Minha cabeça dói. -Ele aceitou, então a levou consigo como forma de sacrifício para que você voltasse à vida. -Aperto o lençol, minha garganta está seca, meu peito bate forte, meu nariz arde.
-Mas ela não morreu, Daenmon! -Elis vendo meu começo de pânico aperta minhas mãos, e diz acelerada. -Ela só foi para casa. -Respiro mais devagar. -Você só não vai mais vê-la.
-E isso é como se ela estivesse morta...-Sussurro baixo, com os olhos fechados, controlando minha mente suja e autodepreciativa. -Ela morreu...
-Não! -Ela ergue meu rosto me fazendo olhá-la. -Você pode tentar entrar no céu. -Seus olhos transbordam preocupação -Você pode tentar, amor...Mas não se martirize por isso, não pense besteiras, já basta Lúcifer...
Então era isso que estava estampado no rosto dele, era quase impossível não sentir a massa extremamente pesada de energia que está sobre os ombros de meu pai. Seus olhos vermelhos estão opacos, e sua expressão é falsa, instável. É como se uma leve brisa fosse capaz de desmontar toda essa farsa de durão. Ele deve estar sofrendo como nunca, ter o amor de sua vida arrancado de tal forma deve doer.
-Tudo bem...-Toco em suas mãos ainda em meu rosto. -Eu vou tentar. -Beijo o dorso de sua mão. -Mas agora eu preciso dormir, prometo acordar amanhã.
...
Tem dias que meu pai me evita, eu já consigo andar pelo castelo, de forma torta e por pouco tempo, mas ainda sim, consigo. No dia seguinte em que acordei pedi para que chamassem ele, mas falaram que ele estava em reuniões importantes com os setores, ou que estava ocupado com outras coisas. Elis me avisou que ele vinha quando eu estava dormindo para me ver, mas nunca quando eu estava acordado. Naamah me disse que ele é assim sempre que não sabe como lidar com alguma situação, porém esse comportamento me irrita. Depois eu passei a andar devagar pelo corredor, mas nunca esbarrava com ele, Lúcifer sabia firmemente quando eu estava perambulando pelos arredores, então se enfurnava em suas salas e não saia até ter certeza que eu estava no quarto ou dormindo.
-Você está estressado ultimamente. -Elis passa um gel de ervas nas minhas costas.
-Ele me irrita. -Digo deitado de barriga para baixo. -É ridículo me ignorar assim. -Bufo.
-Não se estresse com isso amor, ele só não sabe como falar com você, ou pode estar realmente ocupado. -Ela massageia meus ombros. -Tente entendê-lo.
-Estou tentando juro, mas eu quero conversar com ele sobre minha mãe, não quero que ele sofra sozinho. -Só de pensar nele lidando com isso só, me aperta o peito. -Ele não pode me ignorar para sempre.
-Eu sei. -Ela beija meus cabelos úmidos. -Tenta relaxar, ok? Ele vai aparecer qualquer hora. -Viro meu corpo para cima, enlaço sua cintura e a deito comigo.
-E só você pode me ajudar com isso. -Beijo seus lábios.
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...