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-Eu não posso deixar que descubram quem é seu pai, Daen. Eu seria sacrificada, mandada para o inferno...-Ela me olhou ainda mais triste.
-Eu já sei que é alguém de fora, não estou pedindo para que me diga quem é, mas sim que me diga quem é o responsável pelo meu atraso. -Digo sério.
-Se você despertar, vão saber quem é seu pai...-Ela diz em baixo tom.
Rapidamente meu corpo entra em alerta e minha mente encaixa suas frases, ela está afirmando veemente que ninguém pode saber quem é meu pai, e agora insinua que se eu despertar vão saber e que isso pode simplesmente a condenar, ou seja...
-Você...-A olho descrente.
-Filho, entenda que eu vou ser condenada, eu fiz um acordo com seu pai para que não deixemos isso acontecer, mas pra isso você não poderia acordar. -Ela solta de vez, despejando em mim o mais justo motivo para odiá-la.
-Você tem a porra da noção do quanto eu sofri lá fora por sua causa e desse merda que diz ser meu pai? Sabe o quanto apanhei, chorei ou fui injustamente acusado de mentiroso? -Cuspo as palavras em seu rosto, enquanto aponto-lhe meu indicador. -Eu tenho nojo de você!
-Eu não queria e nem sabia que sofria tanto assim por isso, Daen. -Ela tenta contornar a situação, encolhendo-se.
-Claro que sabia, Akemi me dizia que falava para você cada passo que eu dava naquele lugar imundo. -Acuso-lhe. -Eu espero que se prepare, porque estou acordando aos poucos e não tem nenhuma bruxaria que irá me segurar.
Sinto a raiva crescer em demasia dentro de mim e as manchas em minha derme já quentes brilham em abundância indicando meu fervor, o autocontrole se torna ausente e por milésimos me pego desejando matar o anjo em minha frente.
-Eu julgava os demônios como seres sujos e profanos, mas agora sei que anjos podem ser piores que eles. -Digo ao que agarro a almofada próxima de mim e em segundos esta se desfaz em chamas. -A julgar pelos meus dons, creio que o imundo ser que te ajudou a me pôr nessa merda de mundo seja um ser das trevas.
Ela se assusta ao que dito minha opinião sobre meus dons, o que mostra certa assertividade em minha duvida. Levanto-me às pressas, preciso urgentemente sair daqui, tento a todo custo pensar em coisas boas e imagino o sorriso saliente de Elis, oque me faz respirar mais devagar e logo me imagino com Akemi, quando costumávamos brincar no parque. Meus lumes de abrem agora mais apaziguados. Viro-me para minha mãe, a vendo encolhida sobre o sofá, aparentemente sente certo desconforto com meu lado nervoso.
-Eu pensei em te dar a chance de se aproximar, cogitei de tocar te dar o carinho que você tanto me cobrou, mas agora vejo que não me arrependo nem um pouco de ter negligenciado isso a você, porque se me amasse de verdade como mãe, não teria me deixado sofrer assim, então agora não vou me importar em vê-la sofrer. -Digo transparecendo todo o meu desgosto, cuspo as palavras de forma que crave no peito dela e que se faça permanente em sua mente até que seja arrastada para o submundo.
Saio da sala batendo a porta de forma grosseira, assustando outros anjos que passavam pelo lugar, os engoli com os olhos mostrando que não sou como eles. Ando rápido até sair daquela grande sala central, encontro outros seres celestiais no caminho, grito para eles, perguntando se perderam algo em minha cara e os vejo recuarem em total descontentamento, obviamente a essa altura já sabem que não sou um anjo e que minha mãe cometeu o erro de se envolver com alguém que gerou um ser maligno como eu.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...