⩒⩒Conversa profunda⩒⩒

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-Ah, Sim...-Me recordo de cada mísero detalhe daquela noite, todos os suspiros sôfregos dela. Me sinto retraído. Culpado. -Me desculpa, eu não sabia que...

-Tá tudo bem. -Ela volta a sorrir. -Eu sei como as coisas funcionam com vocês. -Ela toca meu antebraço. -Você mudou, mas ainda sim está bonito como antes.

-Obrigada, mas ainda sim, sinto muito, eu não deveria ter passado dos limites, se ela não tivesse me parado, você estaria...

-Morta. -Ela me interrompe de novo.

-É...-Olho em seus olhos. Sua energia é realmente estranha, confusa.

-Eu já sou acostumada, não foi a primeira vez que algo desse tipo aconteceu comigo. -Seus olhos desviam. -É a natureza das coisas aqui.

-Você não tem que aceitar isso. -Humana idiota. -Você tem que lutar pela sua vida, não correr sempre o mesmo risco de morrer nas mãos de místicos inúteis como eu. -Me irrito.

-Você não é inútil, é diferente deles até. -Ela sorri ainda mais.

-Pare de sorrir. -Peço agoniado. -Me irrita sua felicidade diante dessa situação, você por acaso liga se morrer hoje? -Pergunto afoito.

-Na verdade...Eu acho que isso seria menos doloroso do que viver assim. -A humana para de sorrir por completo. -Eu sou sorridente porque tento esquecer toda essa merda. -Ela aponta para a instituição ao nosso lado. -Eu não posso sair, então o que me resta é morrer sorrindo nas mãos de místicos inúteis.

Me sinto mal, agoniado e disposto a matar qualquer um que machuque seres indefesos como ela. Olho para o céu, depois para as árvores e por fim em seus olhos que pareciam tão vividos, mas agora se desfaz em devastação e depressão, de alguém que sabe que vai morrer de um jeito cruel. Me aproximo, envolvendo seu corpo em um abraço silencioso, pego-a de surpresa. Ela demora uns segundos até perceber que está sendo abraçada por compaixão, não a força bruta. E então me abraça de volta.

-Eu sinto muito. -Digo baixo. -Eu não queria que as coisas fossem desse jeito para vocês humanos...

-Tá tudo bem. -Sua voz sai abafada. Ela é pequena. -Eu nunca achei que um demônio me abraçaria. -Sinto seu sorriso sobre o tecido da minha blusa.

-Você merece, por lutar. -Me afasto minimamente, olho para baixo encontrando seus olhos marejados. -Não deixe que eles te usem, mate se for necessário, você não vai ser punida eu garanto. -Sorrio pequeno. Ela concorda em silêncio.

-Eu tenho que ir. -Digo dando passos para trás.

-Vai para o inferno? -Ela pergunta assertiva.

-Sim...-Fico pensativo. O que está de fato me levando para lá?

-O motivo é alguém? -A humana me olha analítica. -Você parece ansioso.

-Eu não sei ao certo, acho que pode ser alguém, é muito confuso. 

-Ela deve estar te esperando, não seja covarde em. -Seu sorriso ressurge me dando algum tipo de impulso positivo. -Não deixe que outros te impeçam de fazer o que quer. -Ela pisca e sai andando calmamente em direção aos corredores dos humanos. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora