⩯Afogando⩯

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...

-Ele vai ficar bem. -Naamah diz quebrando o silêncio de minutos. Estamos todos sentados no chão fora do quarto onde Elis e Daenmon dormem profundamente. Minha cabeça ainda dói e meu corpo ainda tem as lembranças da queimação. -E você também vai. -Meu peito dói. Olho para ela em silêncio.

-Eu perdi ela...-Digo abaixando a cabeça, derrotado.

-Mas salvou seu filho, e ela não morreu Lúcy, só foi levada para casa. -Samael diz afagando meu ombro.

-Tem razão...-Me sinto um pouco melhor. -Eu salvei ele. -Sinto um calor bom.

-Cara você se ajoelhou. -Naamah finalmente fala o que estava entalado em sua garganta. -Foi surreal, vou pintar isso. -Ela olha para o quadro preso na parede em nossa frente. A imagem de todos nós juntos na sala real, me causa dor de cabeça.

-Faça o que quiser...-Deito a cabeça no ombro do meu irmão. -Sinto que preciso dormir depois de séculos. E tirem todas as coisas dele daqui, queimem seu corpo e façam o rito.

-Foi demais até para você. -O demônio diz suspirando. -Vá descansar. -Samael se ergue me levantando junto. Naamah se retirou para ir avisar aos serviçais sobre minhas ordens, Samael me guiou até a porta do quarto e logo sumiu. Eu estava sozinho de novo, cansado e inerte na dor, e na saudade precipitada de Sofia.

...

NRD Daenmon.

Acordo dolorido, moído, com milhares de faixas ao redor do meu corpo. Minha cabeça lateja e meus olhos lagrimejam sem autorização. Olho para o quarto onde estou a procura de alguém. Onde estou? Eu não morri?  Vejo a porta entreaberta.

Que sentimento estranho...

-EIII!!! -Grito, me arrependendo logo em seguida, algo em minha tronco dói extremamente. Me tirando um pouco do ar. Ouço passos apressados no corredor. Meu pai aparece na limiar, afoito.

-Daenmon, você acordou! -Ele se aproxima da cama. Está diferente. -Como se sente?

-Um caminhão passou por cima de mim...-Digo devagar analisando o que de tão estranho acompanha a alma perdida dele.

-Precisa de algo? -Ele verifica minha temperatura. Quente novamente.

-Não sei. -Estou cansado. -Você precisa de algo? -Pergunto. Ele me olha estranho.

-Eu...Eu não preciso. -Sua expressão preocupada vacila para algo indecifrável. -Eu vou chamar os outros. -Seguro sua mão, fervente.

-Fica. -Digo baixo o encarando nos olhos. Ele relaxa os ombros e se senta na cama. -Por quanto tempo estou dormindo?

-Faz três semanas. -Ele diz olhando as faixas em meu peito. -Estávamos todos preocupados.

-Eu senti que morri, mas eu lembro de tudo, lembro dos seus olhos...Azuis. -Me recordo do desconforto. A morte estava ao meu lado, eu pude ver tudo lentamente, inclusive minha vida diante de meus olhos, eu não sentia mais o calor de Daenmon, e nem o toque de Sofia ou Elis, eu me senti perdido, sem alma, como se estivesse caindo infinitamente, mas os olhos de meu pai estavam lá brilhantes e molhados, inundados de sentimentos e transbordando eles. Se afogando...

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora