ↈAvalanche de dorↈ

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-Não é porque você é o Rei do inferno, que não possa sentir dor, porra! Você tem sentimentos. -Bato em seu braço. -Então para de ser cuzão, me abraça, chora comigo e me fala o que está doendo. -Puxo seu braço. Minha respiração falta de novo.

Ele não diz absolutamente nada, apenas me olha por poucos segundos e se aproxima rapidamente deitando a cabeça em meu ombro esquerdo. Seu suspiro sai pesado. Envolvo seu corpo com meus braços longos, acaricio seus cabelos grandes. Ele treme em silêncio absoluto. E a avalanche de dor que ele sente, toca em minha alma.

-Você pode contar comigo. -Digo baixo.

Lúcifer aperta o tecido da minha blusa com força, chego a pensar que rasgou, mas ignoro. Ele continua em silêncio suspirando pesadamente, como se palavras não fossem páreas para sua dor. Escuto ele murmurar algo desconexo. Então o primeiro soluço vem e depois minha blusa molhada, e muitas lamurias. Escuto ele chorar em silêncio, dolorido, dilacerante.

-Eu sinto muito... -Digo depois de minutos. 

-Eu amo tanto sua mãe, Daenmon. -Ele fala pela primeira vez, sua voz é abafada, dolorida, cortada. -Dói tanto não vê-la pelos corredores, sorridente, com sua energia angelical sufocante, seu cheiro de céu...Tudo...-Ele diz angustiado. -Eu nunca amei tanto algo advindo de Deus. -Seu corpo esquenta, simplesmente por citar tal nome.

-Eu entendo pai, eu sinto a mesma coisa. -Aperto-o em meus braços. -Inegavelmente incrível e doloroso para nós.

Ele ergue a cabeça e vejo os seus olhos vermelhos pelo choro, me analisar detalhadamente, e então sorri. -Você lembra ela às vezes, eu sempre quis te dizer isso. -Seus olhos brilham e eu suspiro minimamente feliz.

-Obrigada? -Pergunto acanhado. -Eu não quero que sofra sozinho, tudo bem? Sempre que sentir falta dela, diga para alguém, faça algo que te distraia, ou algo que a faça presente de alguma forma, mas não guarde para si, e não transforme em raiva, porque os seres lá fora não tem nada a ver com isso. -Arrumo seu cabelo como Samael fez comigo.

-Ok, eu vou tentar. -Ele sorri pequeno. -E não pegue as manias de meu irmão. -Ele abaixa minha mão. -É irritante. -Sua expressão ainda dolorida me fazia tremer de forma silenciosa, e quase imperceptível.

-Não é irritante, você só não sabe lidar com carinho. -Explico. -Vem deita, eu preciso dormir. -Lúcifer se ergue, dá a volta na cama e se deita afastado, se cobre e vira de costas para mim.

-Obrigada por vim atrás de mim filho, por não desistir. -Sua voz é baixa. -Eu não sei quando teria coragem de te olhar, e mostrar como estou destruido por perdê-la...

-Não precisa agradecer, eu não ia desistir de você. -Me viro de lado, ficando de costas para ele. -E eu sei que dói, eu também a perdi...

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora