ΨA estranha minha mãeΨ

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...

De imediato ao sentir sua proximidade e ver mais claramente seu rosto angelical, me controlo para não ter nenhum surto, respiro fundo e fecho as mãos em punhos, finco meus pés ao chão e mantenho minha postura reta, estupendamente nervoso.

-Daen??? Meu filho você...Despertou?? -Ela está assustada e posso sentir sua angústia em me ver assim, alto com manchas negras na derme e olhos vívidos e lascivos. Quando ela está próxima o suficiente baixo minha cabeça para encarar seus olhos tão meramente expressivos.

-Estou acordando aos poucos...-Digo somente. Ela me analisa pedaço por pedaço, evitando tocar-me e eu entendo o porquê. Todos ao nosso redor me olham com repulsa, eu me sinto como um intruso.

-Vamos, você não pode ser visto assim aqui. -Diz andando apressadamente em direção a uma sala desabitada. -Vamos entre.

-Eu quero ser breve. -Concluo direto. -Vim fazer perguntas.

Assim que entro e me sento no sofá disponível ao canto da sala, ela se senta ao meu lado com poucos centímetros de distância, seus olhos insistem em me analisar meticulosamente, sei que sua mão está inteiramente nervosa para me tocar. Ela finalmente me olha nos olhos e inclina a cabeça.

-Está tão diferente, grande e misterioso. -E finalmente ousa tocar meu rosto. -Fazia tantos anos. -Seus olhos se enchem de água e sinto uma leve pontada no peito.

Ter passado tantos anos assim sem um carinho materno ou até mesmo paterno pode ter me petrificado por dentro de certa forma, eu só era carinhoso com Akemi e nem era tanto, mas agora diante da minha mãe, me sinto frágil e sensível ao vê-la lagrimejar, sua energia transborda dor e saudade.

-Você não pode me tocar, Sofia. -Afasto seu toque. -Meu corpo queima.

-Ainda não me chama de mãe...-Ela ignora a informação. -Eu sei que sua pele queima.

Eu a chamo de mãe, mas ela não precisa ter o prazer de ouvir isso pessoalmente, seria de suma felicidade para ela, já que não escuta esta palavra sair da minha boca a anos.

-É claro que você sabe, herdei isso do meu pai. -Digo ríspido e ela se contrai. -Porque não impediu que acontecesse? -Mudo o assunto, já sentindo meu corpo aumentar de temperatura.

Eu sou tão instável.

Ela me olha novamente nos olhos agora mais intensamente, sabe do que estou falando e sei que tocar no assunto por mais recente que seja pode ser cortante, lascivo e deprimente. Sua feição muda e posso ver ela tentar ao máximo controlar a vontade de se derramar em lágrimas.

-E-eu não pude evitar, quando aconteceu eu estava dispersa. -Sua voz falha. -Ela me deu uma notícia boa e eu quis comemorar e ficar a par dos preparativos para a comemoração e por um deslize deixei de lado o amuleto que prende a vida de vocês aqui. -Ela esconde o rosto nas mãos, claramente decepcionada. -Eu sinto muito, Daen...Eu sinto tanto...

Eu respiro fundo, minha vontade é de gritar com ela espernear sobre como ela foi tola, mas ao mesmo tempo uma vontade humana de a embalar em meus braços me consume, solto a respiração e aperto fortemente o encosto do sofá que deliberadamente se desfaz. Busco mentalmente por forçar sobrenaturais para me controlar. O sofá derrete cada vez mais.  

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora