⩒O preço por tudo⩒

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Levanto-me devagar indo ao encontro de Elis, meu corpo reclama de dor, a sede por sangue me toma o corpo, preciso de energia áurea ou qualquer coisa que ajude meu corpo a curar mais rápido. No entanto meu foco é em Elis e em Equidna, não faço ideia do que está acontecendo com a cobra, mas ela sofre, tem medo e isso me deixa atormentado, humanamente falando. Toco no ombro de Elis que me olha com seus olhos completamente negros, aos poucos ela afasta a mão da mulher, e seus olhos voltam ao normal.

-Já é o suficiente. -Digo baixo. -Ela está sofrendo demais, me incomoda. -Seguro suas mãos quentes como o submundo.

Automaticamente, Equidna cai completamente no chão, sua boca se fecha e seus olhos retornam a ter cor, ela derrama lágrimas grossas desesperadamente, seu corpo treme e então ela me olha piedosa. Retorno meus olhos a Elis que encara a mulher com repulsa.

-Vamos embora, ela não vai mais usar o quarto, e eu já estou melhorando, só preciso da minha cama. -Puxo gentilmente seu pulso na direção contrária da mulher.

A sorte é que não há ninguém nos corredores do lado de fora, ou senão essa porta estaria abarrotada de pessoas curiosas, e assustadas pela confusão. Raramente se vê um demônio surtando por ai, e chamaria ainda mais atenção por ser Elis, um demônio calmo e conservado. De fato eu só arrumo problemas...

Elis e eu saímos porta afora, ela já está mais calma porém silenciosa, e isso me deixa aturdido por não saber o que se passa em sua mente. Toco seu ombro carinhosamente, ela me olha e sorri pequeno, analisa meu corpo por completo, e suspira negativamente. Em poucos momentos estamos dentro do meu quarto, eu retiro a única peça que Equidna não tirou de mim, e me enrolo na toalha. Elis busca a maleta de cuidados, e se senta ao meu lado. Seu silêncio me corrói, quero que ela fale algo, me pergunte como aconteceu, ou por que demorou tanto, quero que ela me conte como foi no inferno, e me faça esquecer das coisas ruins como sempre faz, quero vê-la sorrir.

-Elis...-Digo em tom cansado. -Por que está assim?

-Estou normal, só não sei por onde começar a falar. -Ela passa o soro nas marcas da minhas costas.

-Comece por onde quiser, mas não fique em silêncio, é torturante. -Suspiro pelo contato de suas mãos nas feridas ainda recentes.

Ela me olha por alguns segundos em pura análise, seu rosto não expressa nada além de cansaço, e um certo desgosto. Seu suspiro é alto, ela parece pensar em algo antes de começar.

-Desculpa ter demorado. -Sua voz sai baixíssima. -Eu tive problemas lá embaixo.

-Não é sua obrigação me proteger sempre. -Digo firme. -Eu poderia sair daquela sala no momento que eu quisesse, mas preferi ficar.

-Por quê? -Ela me olha duvidosa, surpresa.

-Além da ameaça de Equidna. Eu também queria testar meus limites, e vê-la irritada por não me ver chorar como antigamente. -Digo simples. -E em parte levar aquela surra me tirou certa culpa dos ombros.

-Que culpa? -Ela parece perdida com toda a minha explicação.

-Culpa por te fazer sofrer, por precisar matar o bruxo, por minha mãe, por tudo na verdade. -Expresso angustiado. -Eu sinto que apanhar tenha sido o preço que paguei. 

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Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora