"Jogar para os porcos comerem"

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Acordo com a luz da janela na minha cara, juro que ainda vou colocar uma tábua para não entrar luz dessa merda. Sento-me na cama e estralo meus ossos, vou até o banheiro fazer minha higiene diária, me visto com um conjunto de moletom e saio do quarto. Estranhando o fato de Tauni ou Elis não terem aparecido ainda, tomo meu rumo até o corredor do quarto do palerma, ao chegar abro a porta sem me importar com a permissão. 

-O que faz aqui? -Ele esta parado em frente ao guarda roupa e se assusta ao me ver entrar.

-Vim conversar. -Ando até a cadeira da escrivaninha e me sento. -Você sumiu.

-Estou de luto ainda, diferente de você que parece estar bem alegre. -Ele semicerra os olhos logicamente acusador.

-Quem você acha que é pra saber como devo me comportar diante da morte da MINHA irmã? -Relaxo meu corpo na cadeira. Ele suspira e vira de frente para mim.

-Não me parece triste. -Ele acusa. -Arrumou até amigos agora. -Um sorriso minúsculo aborda seus lábios.

-Não preciso chorar para parecer triste, e sim fiz amigos seu palerma. -Percebo que ele tenta me atingir mas é o único a se irritar. -Eu só vim perguntar se você se recordou de algo no dia do ocorrido.

Me levanto indo de encontro com o humano, que fica expressivamente acuado e pequeno com a minha aproximação. Recua um passo e eu avanço encurralando-o no guarda roupa, baixo minha cabeça para olhar em seus olhos, já que agora estou um palmo e meio mais alto que ele.

-Não precisa tentar me intimidar, já d-disse que não lembro de nada. -Ele evita olhar para mim.

-Está mentindo, você sabe que eu sei. -Ergo seu rosto com a mão segurando firme seu queixo. -Eu não vim aqui para machucar ninguém, mas não me provoque a ponto de eu mudar de ideia.

-Eu juro, eu apaguei no dia. -Ele diz nervoso.

-Por que eles não te mataram? -Aperto mais o queixo dele.

-Urgg, isso machuca Daen...-Ele se remexe desconfortável. -Eu não sei o porquê, mas não precisa fazer o serviço por eles.

-Você está sendo inútil aqui, não faria falta alguma. -Afrouxo o aperto e ele suspira. -Já que você não tem nada a dizer, vou deixar você em paz, irei ficar fora por um tempo, vou procurar o desgraçado que fez isso depois e destroçar sua pele todinha, sugar cada gota de energia e sangue que tiver no corpo e depois jogar para os porcos comerem. -Deixo um tapinha leve no rosto dele, que tenciona o corpo por pura aflição.

-O-ok.

-Tchau. -Digo saindo do cômodo.

Ao sair me deparo com Equidna parada na porta ao lado, conversando com um outro humano, ela me olha acusatória e eu lhe dou um sorriso forçado. 

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora