◚O quase encontro◚

1 0 0
                                    

...

-Eu mesmo. -Ele se curva brincalhão. -Mas aviso que estou inativo nas minhas ações, cansei de atormentar os mortais, então me afiliei a faz tudo dos supremos.

-Quem são os supremos? -Pergunto ansioso, assim eu posso saber qual pode ser meu pai.

-Você é curioso. -Ele semicerra os olhos. -Você já sabe da patente, né?

-Sim, fui avisado que meu pai é superior, por isso as pessoas pararam de me perturbar depois do meu despertar. -Digo me escorando mais sobre o balcão.

-Então não vou te dizer os nomes. -Ele me olha sério. -Não tenho esse direito.

-Tudo bem. -Já desisti de tentar arrancar das pessoas uma coisa que estou predestinado a descobrir sozinho.

-Você já foi ver Sofia? -Ele pergunta sem intenções.

-Sim...Ela está acabada. -Me remexo no banco. -Destruída, está perdendo sua áurea angelical. -Concluo tendo alguns olhos em mim. -Eu descobri quem matou minha irmã, e quase o matei, trouxe o corpo para cá, e contei para ela. -Bato em minha testa. -E de certa forma vê-la se desmanchar em lagrimas daquela forma me tocou, não deveria, mas me sinto mexido.

-Ela pode ter se magoado, mas ainda é sua mãe. -Ouço a voz de um outro demônio atrás de Astaroth. -Você ainda tem sangue de anjo, isso te faz sentir as coisas humanas, amor, empatia e saudade. -Olho para ele cansado.

-Ele tem razão, não se martirize por sentir dó de sua mãe. -Astaroth toca minha mão. -E mate aquele idiota de uma vez, ou entregue o corpo dele ao túnel dos pecados.

-Ok...-Me levanto da cadeira. -Eu vou voltar, preciso acabar com isso, e ver ela. -Me sinto estranho ao dizer que tenho que ir ver minha mãe.

Me despeço dos outros e saio do cômodo, aflito, novamente naquela sala grande e bonita, admiro as esculturas como se estivesse em um museu, passando a tarde tranquilamente. E desejo ser normal, ter um dia normal, passear, ler, cantar e viver como um ser normal sem tantos problemas. Saio do corredor me deparando com as paredes rochosas novamente. Ando de volta pelo caminho que fiz, chegando até os guardiões do calabouço. Quando me aproximo mais das celas, ouço uma voz grave falar por cima da de minha mãe, paraliso no mesmo lugar, ainda não consigo ver a faceta do homem, mas meu corpo reage sabendo exatamente de quem se trata. É ele...

-Eu não quero deixá-la aqui, mas não posso te tirar até que todos se acalmem. -O homem de capa e capuz escuros, diz.

-Vá embora, ele pode estar voltando. Eu estou bem aqui. -A voz amarga de Sofia demonstra que a pouco ela ainda chorava. Sinto o aperto.

-Eu já fui avisado sobre sua localização, então não vou poder vir todos os dias, porque sei que ele vai ficar circulando por aqui. -Ele diz se erguendo.

E nota minha presença.

Mas antes que se vire para mim, ou eu veja seu rosto, minha visão se escurece, alguém me apagou.

Antes de abrir os olhos, sinto minhas costas reclamarem, minha cabeça parece molhada e apertada, abro os olhos. Estou em uma cama, em um quarto pequeno e escuro, há poucas tochas de fogo clareando o ambiente. São aquelas paredes lisas e bonitas, estou naquele lugar novamente. Me sento, ouvindo meus ossos estralarem. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora