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Outra coisa é que mesmo que totalmente parecido com o tio, Daen ainda sim no fundo me passava a essência de sua mãe Sofia. Eu via em seus olhos o brilho de uma alma que ainda não está perdida pelo sangue de demônio, a coragem dele muito provavelmente veio de sua mãe também. Desejei falar isso a ele, "Ei pirralho, você se parece com sua mãe" mas como sempre me segurei, me comportei como rei. E talvez, bem talvez, eu goste de Sofia ainda. Eu ainda desejo cuidar dela, amá-la e vê-la sorrir de novo. Faz tanto tempo que seu sorriso morreu, talvez tenha ido junto com Akemi, ou quando percebeu o quanto machucou Daen, não sei ao certo, mas me incomoda vê-la sofrer.
-Eu preciso me resolver. -Coço os olhos. -Eu quero tomar a decisão certa! -Me jogo na cama.
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-Posso te fazer um pergunta? -Dominus se senta ao meu lado. Estamos na área da floresta, não tão afastados do jardim, apenas encobertos pelas grandes árvores do começo.
-Diga. -Mantenho meus olhos fechados.
-Como foi lá em baixo, tipo como é lá? -Ele tem um tom curioso, infantil.
-É bem diferente do que pensei, e talvez eu não tenha visto tudo que tinha que ver. -Olho para ele.
Eu estive pensando nessa questão. O fato de que eu estive preso em uma rota constante no inferno, me impediu de avançar e descobrir novos lugares. Eu achei tudo muito calmo, além de ter aquele caos dos infernais acuados com a presença de minha mãe, mas mesmo assim não parecia o inferno. Aonde estavam os pecadores? O rio da morte? Os demoservos? Onde estava o verdadeiro submundo do qual os professores e seres viviam falando? Quando estive lá me lembro de ver diversos corredores, espalhados milimetricamente afastados uns dos outros, mas um em especifico me chamou atenção, mas eu nunca tive oportunidade de adentrá-lo. Era diferente dos outros, e muito possivelmente era o portal para o inferno tortuoso e pecaminoso, a energia que emanava de lá me deixava ciente disso. Sua entrada era barrenta como as outras, mas tinha tochas que seguiam até certo ponto, e barravam-se em uma porta vermelha, não de tinta. Eu não vi nenhum ser entrar ou sair dela, nem mesmo passavam perto, e isso me deixava curioso feito criança travessa.
-Como assim? -Ele me olha confuso. -Você passou meses lá.
-Eu não tive oportunidade, estive preso em uma rota e não tinha nada demais no primeiro setor. -Digo rapidamente.
-Estranho.
-Eu fui nocauteado em um momento, e isso me deixou apagado por muitos dias, e antes disso estive preso a minha mãe. -Explico encarando os humanos correrem em uma tentativa inútil de serem saudáveis a ponto de viverem mais. -Humanos burros, acham que vão viver mais.
-Vão morrer no tempo que já está predestinado, mas continuam tentando acrescentar mais um dia de vida. -Ele concorda. -Mas calma, não muda o assunto.
-Não mudei.
-Quem te bateu? -Ele volta a questionar.
-Os capangas da Elis. -Dizer seu nome sempre me aquece. -Eles tinham ordens para me pararem, mas levaram a sério demais.
-Por Zeus, você é tão azarado. -Ele ri solto. -Você pretende voltar algum dia?
-Sim.
-Nossa que rápido, nem pensou.
-Infelizmente ou felizmente, aquele lugar me puxa, me faz bem e agora eu estou curioso para ver mais de lá.
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Chasing The Secret
Gizem / GerilimA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...