►Conforto◄

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...

-Sofia. -Digo assustando-a. Ela se ergue rapidamente mais ao notar meu rosto parece relaxar.

-Da-aen? -Se assusta ao se recordar de onde estamos. Seus olhos arregalados engolem meu corpo detalhadamente, ela nunca havia me visto assim, totalmente mutado. Engulo em seco, jogo o corpo do humano no chão e me aproximo da cela. -O que faz aqui? -Sua voz sai amedrontada e baixa.

-Vim te ver. -Digo no mesmo tom.

Que sentimento é esse? Meu peito aperta, eu sinto dó de vê-la assim, largada no escuro com essas roupas velhas, nesse frio e com esse rosto cansado.

-Você está causando problemas até mesmo no inferno. -Dou risada sem graça. -Vim ver se resolvo.

-Eu juro que não queria estar causando isso, mas o...-Ela para.

-Lúcifer.

-Isso. -Ela me olha de baixo. -Ele está...

-Sofia me diga logo. -Me irrito. -Por que você estar aqui é tão irritadiço para ele?

-Filho, eu sou um anjo, minha energia provoca muitos aqui. -Ela recua. -Eles me querem morta.

-Eu sei. -Mais uma vez meu peito aperta, ao imaginar ela morrendo nas mãos deles. -Eu vou tentar resolver.

-Quem é esse? -Ela nota a presença desfalecida do humano.

-Nathaniel. -Respiro fundo, me preparando para contar a ela. -Eu fiz isso com ele. -Ela me olha supresa.

-Por quê?

-Foi ele quem matou Akemi. -E aqui estão elas, as lágrimas de sangue manchando meu rosto. -Ele escondeu esse tempo todo. -Seco o rosto.

Sofia olha para mim paralisada, depois seus olhos recaem nele, e então ela dispara em um choro doloroso, seu corpo recai ao chão. E então percebo que ela não vinha chorando muito ou pensando na morte de Akemi, talvez como uma forma de fugir, como eu fiz. A áurea negra e pesada que sai de seu corpo me deixa cansado, ver ela sentada no chão jogando para fora um sentimento contido assim me deixa fraco.

Tomado pela agonia, agarro as barras da porta da cela e a arranco do lugar, libertando Sofia. Ando a passos rápidos até ela e me agacho próximo. Envolvo-a em um abraço grande e quente. E me permito chorar com minha mãe pela primeira vez. Meu peito dói tanto, minha alma se espreme aqui dentro, minhas mãos tremem tanto quanto minha mãe, que soluça alto em meu peito. Mancho sua roupa branca de sangue, mas pouco me importo. Ela percebe o abraço depois de um tempo e me retribui apertado.

-Vai passar...-Digo tentando acalmá-la.

Nem mesmo eu sei o porquê de estar tentando confortá-la. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora