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Me ajoelho diante de todos os presentes, banhado de sangue, de culpa, de ódio, de dor e medo. Faço o regimento mental dos anjos, um claro sinal a Deus, de que sua misericórdia precisa ser lançada ao mundo. Nesse caso inferno...
-Ó pai de todo o mundo, senhor de bondade e misericórdia. -Meu interior arde em repulsa ao nome sagrado. -Eu preciso de você agora mais do que nunca precisei. -As lágrimas escorem de meus olhos ardentes, vejo Daenmon deitado sobre o chão úmido, desolado, chocado como todos agora, eu sinto a dor dele. -Eu não posso perdê-lo pai...Me ajude, por favor. -Minhas mãos tremem, queimam.
Fere um demônio clamar o nome de Deus, destrói o indivíduo se ajoelhar nas profundezas do inferno em devoção ao pai. Aqui, somente Satan pode ser adorado, no entanto, aqui estou eu, ajoelhado diante do meu mundo, diante dos que amo, diante do meu ego, para salvar a vida de um ser que não merece sofrer, e que não pediu para nascer em uma redoma tão amargurada, tão sofrida e pecadora como essa família.
-Tenha misericórdia, senhor!! -Grito em plenos pulmões, minha garganta arde como todo o meu corpo, parece pegar fogo, está escaldante. -Eu faço um sacrifício por ele...
E novamente a energia celestial invade meu consciente, minha visão se turva, posso ouvir as harpas, a luz forte. Ele me ouviu...
-Eu não farei isso por você, Lúcifer. -A voz do pai ecoa pelo salão. -Farei pela alma dele. -Vejo sua sombra indecifrável apontar para o corpo já falecido de Daenmon. Eu tremo ao ver sua expressão descansada. Ele morreu...
-Eu vou!! -A voz de Sofia ecoa em minha mente, ela está do meu lado, sinto sua energia desesperada. -Eu dou minha auréola, minha alma, minha energia, dou tudo por ele. Meu pai...Dê a vida do meu filho e leve a mim...Por favor. -Ela diz destruída. Fico em alarme.
-Não você não pode ir! -Mesmo às cegas seguro seu braço. -Não pode me deixar, deve ter outra forma...
Sem mais rodeios, Ele solta uma baixa risada, e segura na mão de Sofia, eu vejo a sombra. Me agito.
-Não, não!! Sofia você não vai. -Tento segurar seu corpo, mas tudo vira pó. Tudo de repente se desfaz, meu peito parece ser pisado, com idéia de perder três dos que amo. Soluço fortemente.
-Ela está cumprindo sua pena, pelo pecado de amar você, e fazer Daenmon sofrer. -Ele diz alto, sereno. -Aceite Lúcifer. -Relaxo meu corpo no chão, sem estruturas. Exausto. Ainda mais morto do que sou.
-Eu...Tudo bem...-Volto a lamuriar. A luz se vai de repente, as harpas e a energia celestial se esvai. Suspiro derrotado. Olho para Elis que volta a respirar ao longe, o céu a machuca. Seus olhos doloridos piscam molhados em minha direção. Então segura o corpo morto de Daenmon, chorosa, fraca. Me levanto e caminho em sua direção apressado. Ele tem chances...Ergo seu rosto descansado, sereno em paz. Ele sofreu tanto...
-Vamos levá-lo para o quarto. -Digo vendo Naamah e Samael se aproximarem de imediato. Estavam aturdidos pela cena passada, ambos inertes na energia celestial. Desacreditados de tal atitude advinda de mim. Mas ninguém ousou fazer perguntas, apenas recolhemos o corpo do meu filho ainda desacordado e o de Elis que ainda estava machucado.
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Chasing The Secret
Mystery / ThrillerA diversidade de motivos que eu tenho para odiar estar onde estou é grotesca, a começar pelo fato de um ser miserável como eu, estar aprisionado por Equidna e sendo acusado de algo que não sou. Como podem me acusar só por ser filho de algo divino e...