↭Ter os que amo afastados de mim↭

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...

No corredor encontro Léo, que provavelmente estava indo ao encontro de Tauni. Ele para a alguns poucos passos de mim, me olha sem muita alegria, parece surpreso, lhe dou um sorriso curto. Não quero forçar a barra com ele, se Léo se sente amedrontado perto de mim, eu vou o manter longe até que ele se acostume.

-Oi. -Ele se aproxima mais.

-Oi, Léo.

-Estava com a Tauni? -Ele questiona sem olhar em meus olhos.

-Sim, fomos ver o palerma. -Digo sem muito ânimo, de fato agora vivo cansado. -Ela está no quarto dela agora, pode ir lá. -Digo passando por ele.

-Ok. -Sua voz soa baixa. -Eii. -Ele me chama mas não vira em minha direção.

-Sim? -Um formigamento me passa pelo corpo. A tal a esperança. 

-Eu estou tentando me acostumar eu juro. -Léo desabafa. -Você é meu melhor amigo, e sempre que você precisa de apoio acontece algo que me afasta de você, mas eu não quero isso.

-Eu não preciso de apoio, não se preocupe. -Digo mais sério que o desejado. -Vamos no seu tempo, quando estiver pronto para me aceitar como eu sou agora, se aproxime novamente. -Saio sem deixar que ele tenha tempo de responder.

Eu realmente entendo o medo dele, o medo de todos, mas não tem o que ser feito. Ele precisa de tempo, assim como eu precisei para lidar comigo mesmo. Eu preciso de apoio agora? Não sei de verdade. Existe um vazio, uma falta de sentimento dentro de mim tão grande que não consigo dizer se sinto algo além desse buraco decadente onde meu demônio nos enfiou. As coisas vêm sendo atordoantes novamente, mas não está me afetando. O Daen de antigamente surtaria por matar uma pessoa e punir outra tão severamente, porém o eu de agora está bem com isso, é como o demônio disse, é da minha natureza, uma hora eu vou acabar matando e machucando as pessoas, e isso pode ter como consequência ter os que amo afastados. E eu não consigo me sentir triste por isso...

Chego no meu quarto, já tirando as peças de roupa, necessito de um banho frio. Depois do banho me jogo na cama, disposto a tentar dormir um pouco, o que graças a Zeus não demora para acontecer.

...

Acordo de madrugada incomodado com algo, há um vento frio entrando pela janela surpreendentemente me arrepia, algo totalmente inesperado já que depois que despertei não senti mais nada além de calor. Me levanto indo em direção da janela, mas antes de fechá-la olho para a paisagem escura lá fora, meu quarto tem vista para o portão do céu e do inferno, e digo, só os portões já mostram a diferença dos locais. Observo alguns seres caminharem perto do portão do URW, estranhamente eles se encolhem, sentindo frio, olham para o portão surpresos, como se procurassem saber o porque disso.

Incrivelmente ou nem tanto, o frio vem do inferno... 

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora