"É assim que sou agora"

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...

Paro de andar quando percebo estar a sós com o humano, um certo buraco na parede sem um fim determinado me parece o lugar perfeito para deixá-lo sem coração. Olho para ele com desgosto. A raiva começa a dar sinais.

-Ela não tinha nada a ver com os seus problemas. -O solto no chão. Ele geme em dor mas não consegue se mexer. -Eu acho que você já sofreu demais. -Me agacho em sua frente.

-M-me mate logo, seu monstro. -Ele me direciona seus olhos brancos, mas noto sua expressão de nojo e raiva.

Esquento meu corpo em uma temperatura que chega a aquecer o local ainda mais, encosto minhas unhas em sua garganta e afundo devagar, vendo a pele se rasgar lentamente, e não escorrer uma única gota de sangue. Nathaniel geme em dor. Minhas runas aparecem como mágica, brilham começando a queimar a pele dele. Não me sinto com tanta gana para matá-lo, quero só acabar com isso logo, e seguir em frente.

-Eu sou mesmo um monstro, Nathaniel. -Tiro as unhas de seu pescoço. -Eu sou mesmo tudo de ruim que falam de mim. -As gravo em seu peito com brutalidade. -Mas eu não me importo, eu gosto de ser assim. Gosto de sentir prazer em punir quem me causa mal. -Afundo minha mão sentindo seu coração pulsar fracamente.

-V-vai me matar como f-fez com a fabia? AAAhhh. -Ele urra em agonia quando aperto seu órgão.

-Esse é minha marca, arrancar o coração de quem não merece tê-lo. -Puxo o coração lentamente para fora de seu corpo. Nathaniel geme, se contorce e grava as unhas fracas na terra. Seus gritos se mesclam com os do lado de fora.

-Pelo menos você vai morrer no seu devido lugar. -E lanço seu coração longe, apagando de vez o humano.

Sem chances para mais pensamentos destrutivos, me levanto e sem olhar para trás saio do buraco, mas antes disso pego o órgão morto e carrego comigo até estar novamente em frente a minha mãe. Ela me olha surpresa, parece saber o que sinto. Jogo o coração próximo dela, e a encaro sério.

-É assim que sou agora, é isso que faço e gosto. -Minha voz sai falha. -Esse é o coração daquele que tirou a vida da sua filha. -O sangue escorre de meus olhos, e automaticamente escorrem lágrimas dos de minha mãe.

-Filho...-Ela se ergue, fraca e eu sou tomado pela sensação humana novamente.

-Você não tem comido? -A seguro antes que caia.

-Eu sou um anjo Daen...A crueldade daqui me mata aos poucos, eu não preciso de comida ou sangue para viver, apenas preciso de um ambiente harmônico. -Suas mãos se aproveitam do contato e deixam leves carinhos em meu braço. -Você está tão quentinho. -Ela me abraça, eu congelo.

-E-eu vou tirar você daqui. -digo rendido ao toque maternal. -Eu nunca quis que as coisas fossem assim...

-Eu sei filho. -Ela me olha sorrindo triste. -Eu cometi erros e estou pagando por eles.

-Eu estou castigando minha própria mãe. -Me afasto do abraço, frustrado. Ela me olha surpresa por tê-la chamado de mãe. Me arrependo...

A deixo novamente, há momentos que me sinto sufocado próximo dela. Ando rapidamente para fora, e esbarro novamente em um ogro baixo.

-Daenmon. -Ele me olha surpreso. 

...

Chasing The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora