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ARCO III

INTERROGAÇÕES

Apuh colocou as mãos sobre a mesa, encarou Pedrux com o nariz erguido e respirou fundo, inflando os seus pulmões e crescendo o peito. Lg olhou atento para Apuh, os olhos rosas captavam o leve tremor das pernas do prefeito, a mandíbula levemente marcada, os olhos severos e as sobrancelhas direcionadas para baixo que enrugavam o nariz.

Apuh estava se controlando, se controlando até demais para se manter são ali na frente do cientista e continuar o interrogatório.

Com os ombros tensos e respirando mais rápido do que o de costume, Apuh ignorou a mudança de atitude de Pedrux e continuou com as perguntas. Não tinha paciência e nem tempo para lidar com o humor de Pedrux.

--- Há uma coisa importante que precisamos saber e só você pode nos dizer - Apuh revelou e fez os ombros de Pedrux se encolherem mais e as orelhas do cientista de mexerem levemente, captando o timbre beirando a impaciência de Apuh - A ametista Vermelha, o que sabe sobre ela?

Pedrux paralisou, parou de respirar e os dedos sobre a mesa param de se mexer. Ele engoliu em seco e desviou dos olhos frio de Apuh.

--- Lg te perguntou sobre ela naquele dia - Apuh disse, relembrando o passado - e você o atacou por isso. O que você sabe sobre a Ametista Vermelha?

Pedrux respirou fundo e tentou ergue a cabeça e olhar para a face de Apuh. Os olhos de ébano o julgavam, era obvio que ele o julgariam depois de tudo o que ele fez contra Lg.

Pedrux não conseguia acreditar na piada que o destino fazia consigo. De onde ele vinha, Apuh e Lg nunca compartilhariam de um sentimento a qual esse Apuh e esse Lg de Utopia compartilhavam. Chegava a ser cômico se não fosse trágico. Pedrux se corriam só de lembrar do dia que Apuh o chamou as pressas e o levou para a casa de Lg, o suplicando para que desse uma olhada no espadachim e o dissesse como estava a saúde daquele inconsequente que não sabia lidar com a própria vida.

O cientista via com amargor os olhos preocupados de Apuh sobre Lg, e via com um embrulho no estomago os olhares apaixonados que um olhava para o outro. Aquilo parecia tão errado, tão sujo, tão ruim...

Era difícil associar Apuh e Lg á duas pessoas diferentes em que ele viveu a muito anos atrás. A pesar de já se passarem mais de 300 anos, as memorias daqueles dias em TopCity ao lado de Apuh organizando as medidas do governo da cidade, tramando medidas de proteção para mantê-lo mais forte e acabando com qualquer oposição ou concorrência que poderia ter, eram frescas, frescas o suficiente para ainda enxergar em Lg o monstro que assassinou o seu irmão e destruiu toda a sua cidade, o abandonando em meio a miséria e destruição.

Pedrux viu os sobreviventes de TopCity caiando um a um, era uma maldição ele ter sobrevivendo a contaminação do Lichen. A noite, enquanto ele não se vigiava, o seu braço mecânico doai, a dor lhe corria a alma por ser lembrar de como foi ter o Dark Lichen o contaminando, o correndo, necrosando cada parte de sua pele, consumindo cada vaso sanguíneo, cada célula de sua pele, o devorando.

Aprux o ajudava a lidar com esses dias de pesadelo, o ajudava a se reergue e ter a cabeça erguida para enfrentar os seus pesadelos, no entanto, apesar da ajuda não era suficiente para Pedrux deixar de lado tudo o que sentiu, tudo o que passou, tudo o que sofreu nas mãos de Dark Lg e na cidade destruída de TopCity.

O trovão rasgou os céus de Utopia mais uma vez e Pedrux se encolheu mais na cadeira da sala de interrogatório. Quando o portal para sair de TopCity explodiu, o trovão em TopCity também machucava os seus ouvidos sensíveis, tal como acontecia agora.

E assim como naquela vez, em frente ao portal destruído, sem ter saída ouvia a chuva cair pela cidade.

--- Me responda Pedrux - Apuh ordenou e Pedrux pode apenas se sentir novamente uma criança.

Dias de Chuva| !Lapuh!Onde histórias criam vida. Descubra agora