ARCO II
○ENCONTROS○
Lg o procurou com os olhos. Se virou e buscou pela figura de Apuh vendo nada mais que o vazio.
--- Eu te falei para parar enquanto era tempo. Mas você não me escutou.
A voz de Apuh invadia os seus ouvidos e ao contrário de tantas vezes em que ele se aconchego no timbre aveludado do alquimista, se sentindo seguro nas palavras que o prometiam abrigo, desta vez tudo o que Lg sentiu ouvindo aquela voz surgir da imensidão do vazio foi medo.
--- Não há nada nessa cidade em que eu não controle. Tudo está do jeito que eu quero. Do jeito que deve ser. A bioges sempre foi um erro e você sabe disso.
Aquela voz... Era idêntica a de Apuh, mas não parecia ser do Apuh que conhecia.
--- Você escolheu o seu destino, Lg. Você escolheu isso para você, para a cidade. Não se sente culpado?
O amargo subiu a sua guarganta e lágrimas inundaram os seus olhos. O que era aquele Apuh?
--- Não se sente culpado por ter destruido o seu relacionamento com o Eokor?
Apuh. Aquele não era o seu Apuh.
--- Com a Nogal?
Lg apertou as mãos em punho. Se virou e socou o vento tentando calar aquelas palavras que o afetavam tanto, mais por serem ditas na voz de Apuh do que por qualquer outra coisa.
--- Já desisti de você, Lg. Eu te aconselho a fazer o mesmo.
Lg sentiu a fúria crescer em seu peito. Uma furia mesclada com uma dor que afundava o seu coração no abismo da solidão. O amargo em sua boca se embolorava, formando um nó em sua guarganta que se tornava difícil respirar. Lg chutou o vazio e gruniu ao limbo.
De sua boca, o ácido amargo da saudade se fazia presente.
--- Você é o culpado de tudo isso. Culpado pelo fim de TopCity.
--- Não - outra voz surgiu do além da escuridão e Lg senti-se ainda mais recioso com tudo, aquela era a sua voz - Eu te disse sobre o Coelho Dourado, eu te contei sobre o Jazz, Apuh. Eu sempre disse que ele é o Coelho Dourado e você nunca me escutou!
--- Eu sei que é você Lg. E assim como o seu restaurante, o seu grupo, sua associação, essa sua máscara fajuta de coelho dourado vai cair.
As vozes discutiam e a tormenta crescia na cabeça de Lg. Agora com a discussão sua raiva dava espaço para medo. No meio daquela briga de palavras, apenas como um pobre expectator obrigado a ouvir os gritos de ambos os lados, Lg se recolhia. Ele sentia o Dark Lichen fumegar em seu corpo, mas agora tudo o que queria era estar junto do Apuh, do seu Apuh.
Estar em Utupia e longe de toda aquela barbudia que acontecia no eco do seu pensamento.
Seu coração palpitou e o núcleu em seu peito tremeu, tal como a ponta de seus dedos.
--- Você vai me pagar, Apuh. Vai pagar por tudo o que me fez! Por tudo o que fez para a cidade!
--- Estou fazendo apenas o que há de melhor para a cidade, Lg: Acabando com você.
As pernas de Lg perderam a sua sustentação. Os dedos tremulos agarraram as lapelas do seu kimono e os olhos azuis enxergaram apenas a escuridão. Lg lutou para conseguir respirar. Ele contou de um até dez. Tentou estar os dedos e tentou se concentrar em fazer um flor de Lichen com as suas mãos, mas não conseguia. A palavras, as dicussões daquelas vozes fantasmagóricas continuavam a ecoar por todo aquele espaço. Brigavam, persistiam em se manterem no erro de apenas desconfiarem, de acusarem, de se manterem firmes em suas respostas e não darem lugar para a escuta.
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Dias de Chuva| !Lapuh!
Romance[+14] |Lapuh| !Lg x !Apuh Lg não conseguia mais viver sem as suas amadas xícaras de café e Apuh tenta o convercer a domir. Perdido em pensamentos pertubadores, Lg observa a chuva molhar toda a cidade de Utopia com incertezas sobre o seu passado, p...