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ARCO III

ESCOLHAS

Lg acordou sentindo cheiro de café. Ele se espreguiçou bocejando e acordando os seus músculos. Ele se levantou se sentindo sozinho no quarto. Arrumou a cama e trocou o seu pijama por um kimono simples lilás sem as suas costumeiras nuvens estampadas antes de descer para a cozinha e ver uma das melhores cenas que ele podia ver em sua vida.

Sheldon estava em cima da bancada, ele abria as asas e piava acompanhando Apuh em sua frente. O alquimista, vestido com aquele mesmo kimono do Lg de ontem a noite, balançava os braços imitando as asas da galinha e pulava e ao invés de piar acompanhando a melodia de seu sobrinho, Apuh cantava com a sua melhor voz de uma quarta-feira de manhã:

--- Pula, pula, pipoquinha, pula, pula, sem parar! Pula, pula pipoquinha, pra crescer e estourar.

Lg cruzou os braços, se escorou na parede e sorriu, vendo como aqueles dois conseguiam transformar uma manhã de quarta em algo feliz. Sheldon cacarejava feliz, batendo as suas asinhas e acompanhando toda a dança esquisitinha de Apuh, indo de um lado para o outro e piando sempre. 

Apuh cantou aquele verso por mais três vezes, finalizando em um grande pulo e oferecendo ao seu sobrinho sementes de girassol.

--- Bravo! - Lg bateu palmas e Apuh se virou para o espadachim assustado, com uma mão no coração e com os olhos arregalados, sendo pego completamente desprevenido - Além de prefeito e alquimista, meu menino Puh também é um ótimo cantor!

--- Lg! Há quanto tempo você está aí?

--- Tempo suficiente para aprender a música - exclamou sorrindo e indo para o lado do Sheldon e começando a cantar com o seu filho penudo o acompanhando - Pula, pula pipoquinha, pula pula sem parar...

Apuh riu, se escondendo envergonhado, mas logo se recuperando e se juntando a dupla na música. O dia então começou com aquela estranha família cantando sobre pipoca enquanto esperavam o café descafeinado terminar de coar.

Ao passar dos ponteiros do relógio, as xícaras já lavadas do café secavam naturalmente na pia da cozinha e Lg esperava Apuh voltar do banho. Com o tempo apertado, não daria para o prefeito passar em casa antes de ir à cidade e se encontrar com os repórteres para a coletiva de imprensa. Não que fosse um problema ter Apuh em seu banheiro. Era gostoso compartilhar daquela rotina cotidiana com o seu Apuh, uma rotina  a qual eles conseguiam ignorar as ameaças exteriores ou destinos já predestinados.

Com muito custo, Apuh conseguiu convencer Lg a subir em suas costas para eles voarem até a cidade. Lg não queria prejudicar as costas de Apuh, o alquimista estava com dor e mesmo sabendo o quão mágicas as suas mãos poderiam ser, Lg também tinha ciência de que Apuh precisava de uma folga com a coluna. Todo o estresse e falta de cuidado por conta da rotina agitada pioravam a flexibilidade e tolerância à dor, além de aumentar a rigidez dos músculos. E mesmo que massagea-se as costas de Apuh todas as noites - coisas que Lg planejava fazer a partir daquele momento - não era uma boa ideia forçar tanto a coluna de um idoso.

"Talvez eu consiga transformar aquele dragão mensageiro que eu mandei para aterrorizar o Phantom em uma montaria!”

Apuh aterrissou em frente ao gabinete e Nait já o esperava com o olhar cansado. Os dois estavam fazendo muito pela cidade e sacrificando a saúde mental para manter aquele povo seguro e evitar mais problemas, mas diferente de Apuh, Nait não tinha ninguém para o fazer uma massagem à noite, preparar o jantar ou o chamar de velho enquanto chutava a sua costela a noite.

Dias de Chuva| !Lapuh!Onde histórias criam vida. Descubra agora