"Ele é um perigo que não consigo evitar."
YOLANDAQuando Tom pediu para que eu esperasse e saiu correndo, fiquei parada no banco, confusa. Ele não explicou nada, só se foi com aquela pressa desajeitada que parecia tão típica dele. Eu não sabia o que pensar. Não era a primeira vez que ele fazia algo inesperado, mas aquilo me deixou inquieta. Ele não explicou o motivo, não deu qualquer pista. E eu? Só fiquei ali, me perguntando o que diabos ele estava aprontando dessa vez.
Os minutos passaram devagar, e por mais que tentasse não me importar, eu não conseguia desviar os olhos do caminho por onde ele havia ido. Será que ele voltaria? Claro que voltaria. Era o Tom. Mas ainda assim, algo dentro de mim estava estranho. Era como se cada segundo em que ele estivesse longe deixasse algo suspenso no ar.
Quando o vi voltar, quase não o reconheci de imediato. Ele vinha caminhando com passos firmes, mas parecia diferente. Mais... confiante, talvez. A primeira coisa que notei foi a roupa. Não era o Tom de sempre, com as camisas largas e aquele jeito desleixado. Ele estava usando um moletom preto que destacava seus ombros largos e uma bandana envolvendo as tranças. Nos pés, um par de tênis brancos que eu jurava que ele guardava para ocasiões especiais — o tipo de ocasião que nunca imaginei que incluiria a mim.
Ele parou diante de mim, e eu o encarei, confusa.
— O que foi isso? — Perguntei. — Por que você está tão arrumado?
Ele sorriu daquele jeito típico, com um ar provocador, mas havia algo mais ali.
— Já que você se arrumou pra um encontro hoje e decidiu fugir, achei que seria um desperdício. Faz um encontro comigo?
Eu fiquei sem reação por alguns segundos. Tom? Me chamando para um encontro? Ele nunca fez algo assim, nunca sequer deu a entender que faria. E ainda assim, ali estava ele, me surpreendendo mais uma vez.
Levantei-me e calcei meus saltos, percebendo que ele estava me observando. Tom era péssimo em disfarçar as coisas, e mesmo que tentasse parecer indiferente, eu sentia seus olhos fixos em mim. Quando me virei para caminhar ao lado dele, ele estava quieto, mas havia algo no ar, algo que parecia diferente.
Chegamos ao carro, e quando tentei abrir a porta, ouvi o som da trava. Olhei para ele, confusa, e vi que ele estava com um sorriso de canto. Ele passou na minha frente, abriu a porta para mim e esperou que eu entrasse.
Tom se adiantou quando me viu tentando abrir a porta do carro, e o som da trava me fez parar. Eu o encarei, confusa, enquanto ele dava a volta até mim com aquele jeito decidido e atrapalhado ao mesmo tempo.— Não, deixa comigo. Eu é que tenho que fazer isso — Disse ele, com a voz mais firme do que eu esperava.
A princípio, fiquei surpresa. Não era comum alguém insistir em algo tão trivial, mas havia algo no tom dele, algo que parecia importante para ele. Então, sorri, embora por dentro estivesse um pouco intrigada.
— Se você diz, quem sou eu para discordar? — falei, mas para provocá-lo do que qualquer outra coisa.
Enquanto ele segurava a porta aberta para mim, senti uma pontada de contraste com o que havia vivido antes. Dylan sequer tinha se levantado para puxar uma cadeira quando saímos em família. Ele mal tinha feito qualquer esforço para me fazer sentir que aquele momento era especial. E aqui estava Tom, insistindo em um gesto simples como abrir uma porta, mas que parecia significar tanto.
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Inefável
FanfictionYolanda, uma garota fria com intenções quentes, carrega a lembrança de Tony, seu protetor e amor de infância. Juntos, prometeram ficar juntos quando crescessem, mas Tony desapareceu sem deixar rastros. Anos depois, Yolanda se envolve com Tom Kaulitz...