Capítulo 25

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Não seja uma leitora Fantasma, é isso. Boa leitura!





A luz do teto estrelado falso preenchia o quarto com um brilho suave enquanto eu e Tony estávamos deitados na minha cama. Ele tinha as mãos cruzadas atrás da cabeça, os olhos fixos nas estrelas artificiais, como se elas fossem reais.

— Sua tia Lenne é muito chata — ele soltou de repente, rompendo o silêncio confortável. — Não entendo por que ela age como se fosse sua mãe.

Aquelas palavras me atingiram, mas não deixei transparecer. Mantive meu olhar preso no teto.

— Ela tem seus motivos — murmurei. — Tia Lenne me criou desde que eu era bebê, Tony. Quando minha mãe morreu...

Ele virou o rosto para mim, e eu pude sentir o peso do olhar dele antes de continuar:

— Ela fez o que pôde, mesmo que isso signifique ser mandona ou me tratar como se eu fosse dela.

Tony bufou, mas seu tom mudou, se tornando mais sombrio.

— Você sabe que ela não é santa, não sabe?

Meu coração apertou. Ele parecia saber algo que eu não sabia.

— O que quer dizer com isso?

Ele soltou um riso curto, sem humor.

— Meu pai dizia que ia pescar comigo três vezes por semana. Você sabe quantas vezes ele realmente me levou? Nenhuma. Toda vez que ele dizia isso, ia se encontrar com sua tia Lenne. Eles tinham um caso, e eu sabia disso desde pequeno.

Engoli em seco, sentindo o peso daquela revelação. Mas antes que eu pudesse responder, Tony soltou outra frase que ficou gravada na minha mente.

— Sabe o que ele sempre dizia sobre amantes? — Ele virou o rosto para mim, um sorriso amargo nos lábios. — Que amantes só servem pra foder.

Meu peito apertou, e as palavras dele ecoaram na minha mente enquanto eu tentava ignorar a estranha dor que aquilo causava.

— Eca, Tony! Minha tia nunca faria isso com seu pai! — Eu virei a cabeça para olhá-lo, o rosto quente de indignação e uma pontada de nojo.

Ele riu, aquele riso típico dele, carregado de sarcasmo.

— Ah, é? E como você acha que bebês surgem, Yolanda? — Ele arqueou a sobrancelha, como se eu fosse uma criança ingênua.

— Sei lá! — rebati, cruzando os braços. — Eu nunca ouvi essas coisas.

Tony se apoiou no cotovelo, me encarando com aquele olhar que misturava provocação e um tom de superioridade.

— Sério? Nunca ouviu? — Ele parecia incrédulo, mas eu sabia que estava apenas se divertindo às minhas custas. — Então você acha que o quê? Que eles caem do céu embrulhados em panos?

Revirei os olhos, tentando ignorar o calor que subiu ao meu rosto.

— Você é um idiota, sabia?

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