Capítulo 83

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“Faltava alguém que me entendesse, alguém que me oferecesse um pouco de alívio no meio desse caos.”

YOLANDA

Subi as escadas em silêncio, sentindo o peso do meu próprio nervosismo a cada passo. Charlotte estava ocupada com alguma coisa no andar de baixo, o que me deu a brecha perfeita para fazer o que eu realmente vim fazer. Ela acreditou quando eu disse que precisava ver algo no quarto de Tom, mas a verdade era outra: Bill me chamou aqui. E quando Bill me chama, não é para jogar conversa fora.

Empurrei a porta do quarto e entrei, fechando-a atrás de mim sem fazer barulho. O lugar ainda tinha aquele cheiro abafado, um resquício da presença de Tom. Como se ele ainda estivesse ali, só esperando para aparecer e me encarar com aquele olhar que me queimava por dentro. Engoli em seco e voltei minha atenção para Bill, que estava largado na cama, mexendo em um canivete como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Demorou — Ele murmurou, sem nem me olhar.

Cruzei os braços, sentindo uma irritação tomar conta de mim.

— Charlotte quis conversar. Não posso simplesmente ignorar sua mãe, né?

Ele riu de leve, mas sem humor. Finalmente ergueu os olhos para mim, fechando o canivete com um estalo seco.

— Pouco me importa. Senta aí, temos um assunto pra resolver.

Revirei os olhos, mas me joguei na poltrona perto da escrivaninha. Algo no tom dele me deixou alerta. Bill raramente ficava tão direto assim.

— Qual a dessa vez, Bill?

Ele me encarou por alguns segundos, o sorriso torto crescendo nos lábios antes dele soltar:

— Você tem duas escolhas.

Cruzei as pernas, fingindo indiferença.

— Ah, é? Estou curiosa.

Ele inclinou o corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. O olhar ficou mais sério, mais afiado.

— Dar informações importantes… ou dar informações importantes.

— O que você quer saber?

Antes que ele respondesse, a janela atrás de mim se abriu bruscamente. Um vento frio entrou junto com duas figuras que aterrissaram no chão do quarto. Um grito escapou da minha garganta antes que eu pudesse controlar. Meu coração disparou quando vi Georg e Gustav ali, olhando para mim como se fosse a coisa mais natural do mundo invadir um quarto pelo lado de fora.

— Porra, cala a boca — Bill sibilou, se levantando. — Minha mãe está em casa, quer que ela venha fuçar?

Coloquei a mão no peito, sentindo o coração martelar.

— Mas que caralho, vocês me assustaram!

Georg riu, cruzando os braços.

— Só testando teus reflexos, princesa.

Gustav revirou os olhos, fechando a janela atrás de si.

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