"Eu não aguento mais. Tudo está desmoronando, e eu estou no meio disso, sem saber como sair."
YOLANDA
Eu estava coberta até os seios com o lençol grosso da cama de Dylan, como se isso pudesse proteger o que restava de mim. O ar frio do quarto misturava-se com o cheiro amargo do cigarro que ele fumava, em pé na janela. Ele estava de costas para mim, usando apenas uma boxer preta, os músculos tensos enquanto exalavam a fumaça em longos sopros.
Eu o observava em silêncio, sentindo o gosto amargo do nojo na boca. Não era apenas pelo cheiro do cigarro que me enjoava mais do que o normal; era por ele. Por tudo o que ele representava. Pelo que ele tinha feito. Pelo que eu tinha permitido que ele fizesse.
Dylan estava alheio aos meus pensamentos, mas eu sentia como se sua presença ocupasse todo o espaço do quarto. Era sufocante. Era insuportável.
Desviei o olhar para a saia que estava caída no chão ao lado da cama, e foi aí que me lembrei do celular no bolso. Minhas mãos saíram debaixo do lençol, tremendo, e alcancei a peça de roupa. Tentei ser o mais silenciosa possível, para não atrair sua atenção.
Com o celular em mãos, deslizei a tela, e meus dedos hesitaram por um segundo antes de digitar a mensagem para Cassandra.
“Cassandra, eu não quero que o Dylan me leve. Eu preciso de você. Você pode vir me buscar? Por favor.”
O silêncio do quarto parecia engolir tudo, exceto o som das minhas unhas arranhando a tela enquanto esperava a resposta. Meu coração estava acelerado, cada segundo parecia uma eternidade. Quando a notificação apareceu, senti o alívio me atravessar como uma onda.
"Não estou em casa. Otto e Margareth já devem estar dormindo, eu estou com Joey, me mande sua localização que vamos te buscar. Segura firme, vou te tirar daí."
Enviei a localização para que eles pudessem me buscar, eu não aguentava mais um minuto se quer nessa casa.
Fechei os olhos por um momento, segurando o celular contra meu peito, como se as palavras dela fossem uma tábua de salvação no meio do caos. Respirei fundo, tentando afastar a sensação de peso que parecia me esmagar.
Dylan deu outra tragada no cigarro e soltou a fumaça, virando ligeiramente a cabeça na minha direção, mas sem olhar diretamente para mim.
— Você está calada demais — Ele comentou, a voz arrastada e desinteressada. — Foi tão ruim assim.
Eu não respondi. Não confiava em mim mesma para falar naquele momento. As palavras poderiam me trair, e ele não podia saber que eu estava planejando ir embora. Não agora. Não assim.
Dylan se virou devagar, jogando os cabelos que caíam em seus olhos enquanto dava a última tragada no cigarro. Ele inclinou a cabeça para o lado, parecendo relaxado, e jogou a bituca pela janela sem pressa. O cheiro de fumaça misturava-se ao ar frio do quarto, mas nada poderia ser pior do que o peso daquela noite.
Eu queria dizer o quanto tinha sido ruim, o quanto ele tinha me machucado. Queria gritar que, por mais que eu pedisse para ele ir com calma, ele simplesmente ignorava. Mas me mantive calada, como sempre. Minhas palavras não fariam diferença.
Levantei-me da cama com cuidado, sentindo o piso gelado sob os pés, e alcancei o sutiã que estava jogado no canto. Coloquei-o rapidamente, minhas mãos tremendo enquanto procurava a calcinha perdida entre os lençóis bagunçados. Peguei também a saia, ajeitando-a com pressa, e por último a camiseta de Dylan, aquela que ele tinha me emprestado antes. O tecido grosso e a estampa ridícula do Hellfire Club me fizeram revirar os olhos.
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Inefável
FanficYolanda, uma garota fria com intenções quentes, carrega a lembrança de Tony, seu protetor e amor de infância. Juntos, prometeram ficar juntos quando crescessem, mas Tony desapareceu sem deixar rastros. Anos depois, Yolanda se envolve com Tom Kaulitz...